Amor de mãe

Não é aquele que sempre procura o bem estar do filho ou da família. É aquele que sabe o que faze, independente de ser bom ou ruim para o filho, é o certo. Muitas vezes proibe, chinga, deixa de castigo, mas no final o filho sempre vem agradecer, porque era aquilo mesmo que deveria ser feito.

A minha mãe é um pouco diferente, e especial. Estranha, sim, tenho que confessar. Não tem muita afinidade com cozinha e afazeres domésticos, o que a torna mais especial ainda, e diferente. Não é nenhuma dessas que faz o que não gosta e vive infeliz. É daquelas que por mais estranha que seja a profissão, se é o que quer, é o que vai fazer, e muito bem feito por sinal. De artesã, mechendo com velas, até proprietária de uma cafeteria. Passando por decoradora, reformadora de móveis, voluntária, e uma pequena passagem pelas salas de aula como professora de Matemática. Muitas coisas já passamos juntos, desde comer batatas fritas com katchup no chão da sala de casa, até poder ir comprar o primeiro carro zero, e o que mais deu problema.hehehe

Dona de um gosto um tanto quanto diferente, tanto para carros( twingo), quanto para casas ( sempre de madeira), para roupas ( indianas), e para lugares para morar ( Florianópolis). Mas assim ela é. Não sei como, mas de tão liberal que ela foi comigo, fazendo com que eu me virasse sozinho, até hoje não saio de casa sem pedir para ela que roupa usar, com 18 anos, ainda peço se posso sair na sexta a noite. E quando eu não quero ir, uso do poder dela para nao ir...
- O mãe, vo pedi uma coisa pra ti mas tu não me deixa tá!!

- Fala!!

- Posso sai com os guris?

- Não!!

- Tá, brigado....

E assim foram, loooongos 16 anos até as primeiras discussoes começarem a se formar. Assuntos não faltavam. Tinha recém quebrado o braço, com dois pinos no cotovelo e ela não me deixou ir ver a etapa do Campeonato Brasieliro de Downhill em são vendelino, aaaaah como eu odiei ela naquele dia. Ficava com o coração na mão quando eu ia para as corridas, mas não soube disfarçar o sorriso quando ouviu o nome do filho na 3º posiçao da corrida em Veranópolis, uma das primeiras no Downhill. Mesmo quase formada em Ed. Física, não era muito de acompanhar a vida esportista do filho, mas sempre que pudia, queria saber como estavam as coisas. Desde a primeira medalha de campeão, até a última de jogador destaque do campeonato. 10 anos jogando vôlei, mais acidentes do que em 2 anos de Downhill, mas ela insistia que Downhill era mais perigoso. Fazer o que, com mãe quase nunca se discute, pelo menos, quase nunca. Com quase 18 anos vividos, tive que escutar o primeiro NÃO, com todas as letras da minha mãe. Foi quando pedi pra transferi minha matricula de Floripa para São Leopoldo. Diz ela que ainda vou agradecê-la, mas até agora só quero o pescoço dela por ela não ter deixado eu voltar, mas ainda tem um ano e meio, quem sabe eu mude de idéia.

Graças a ela agora faço a faculdade que eu quero, graças a ela toda semana vir com um papo diferente de profissão pra cima de mim. Uma semana era jornalista, na outra arquiteto, na outra técnico em enfermagem, até que uma vez na vida decidi seguir o conselho dela sobre profissão e fazer o vestibular que ela me pediu, Automaçao Industrial no SENAI. Fiz, passei, e agora vou para as Olimpiadas do Conhecimento, na categoria de Mecatrônica, representar Florianópolis no Camp. Estadual e depois, quem sabe, no Brasileiro, e porque não no Mundial? Quem sabe, quem sabe.

Caminhando pros 19 anos, só tenho que agradecer pra ela, por tudo que ela fez, me deixou fazer e não deixou que eu fizesse, espero que as decisões tenham sido certas.

TE AMO, VÉIA. PRA SEMPRE. OBRIGADO POR TUDO. =D