Argentina: 2 anos

Tire os mais chatos da turma, chame os mais amigos do lado de fora do muro do colégio, junte R$ 735,00 para pagar em seis vezes e contrate uma empresa de família argentina para guiá-lo até lá. Está feita a merda. Vinte e sete pessoas, um ônibus, muita cerveja, dinheiro e festa. Com certeza foram 5 dias completamente atípicos para os moradores de Nova Petrópolis que foram viajar. Passar cinco dias enrolando a lingua pra falar castelhano, caminhar caminhar caminhar, fazer festa e passar o dia inteiro no shopping gastando dinheiro e comendo no Burguer King, não é todo dia que se faz.
Agora eu sei como os ricos e milionários sentem-se quando não têm nada para fazer e vão pro shopping gastar dinheiro. Sei tão bem, que na volta, além de dividir o último pacote de bolachas com minha amiga Verena, ainda "ganhei" 15 pesos do Breda pra poder tomar café da manã no Uruguai. É, essa vida de se fazer de rico não é fácil, pouca prática, não sabe o quanto gastar nem no que gastar. Se tivesse pensado na volta, teria lembrado da parada na Aduana Argentina e teria forrado minhas prateleiras com Tequila, Johnny Walker Red e Black, Chivas, Amarula. Assim como o Matias fez.
Bons tempos aqueles que de manhã íamos pra aula, de tarde tomávamos coca na casa do Dé, e eu, sim, ia pro treino de vôlei também. A linha que separa o que nós fazíamos e fazemos hoje é muito tênue ( sempre quis usar essa palavra ). Até a viagem, eu não tinha idéia que vinha morar em Floripa, muito menos fazer uma faculdade que envolvesse cálculos cabulosos e muito menos que estaria me dando bem, pelo menos na faculdade. Muito menos que eu estaria trabalhando, assim como não teria a minima noção que todos do nosso sexteto maravilha, assim batizado pela professora Iria, na oitava série, estariam todos trabalhando em coisas completamente diferentes. Pelo menos 90% das pessoas que estavam na viajem, eu ainda tenho contato, o resto, nem idéia de onde foi parar.
Uma coisa é certa, o dia que ligarmos para aquela agência de viagens de novo e nos identificarmos como a turma que foi pra Argentina em 2005, a véia, esposa do dono cai dura no chão. Mas por outro lado, houve o santo salvador Daniel, filho do casal dono da agência. Que nos colocou nas festas mais legais de Buenos Aires. Por ser mais novo, ele sabia que nós não estávamos lá pra visitar o túmulo de Eva Péron, muito menos o Obelisco, já que nosso hotel dava de cara com ele. Mas tenho certeza que foi naquela primeira parada pro almoço que ele sentiu a que mesmo íamos para aquela viagem.
- Oo tia, tem quantos fardos de latinha de antartica ai??
- Gelados tem 10.
- Beleza, empacota que eu já venho buscar.
No Frigobar era a coca-cola tinha um leve sabor de cevada, mas a cerveja não tinha um gosto de cola. Para desespero da véia, esposa do dono da agência.
- Nón puede ser, estes chicos bebem de mááááááásssss...
Poucos quilômetros antes da divisa com a Argentina, todos bêbados durmindo em suas poltronas, e a única acordada era a véia, esposa do dono da agência, completando seu 3 saco de lixo de 50L com latinhas de cerveja e derivados.
Alguns sem camiseta em baixo de cobertas com movimentos estranhos ao lado de sua parceira (o), outros capotados nas poltronas individuais, outros deitados no corredor, gente discutindo no meio da noite, gente chorando de bêbado, gente de cueca, gente de tudo que era tipo, coisas que só acontecem durante uma viagem de terceiro ano. E no hotel não foi diferente...Gente sendo carregada de colchão e tudo dentro do ônibus, argentinos com putas nos quartos, brasileiros andando de cueca nos corredores, outros aparecendo em filmagens de um filme que ocorria no hall de entrada do hotel, outros vidrados na internet, e outros ainda colecionando rótulos dos mais variados tipos de cervejas. E falando em cerveja, de novo, agora eu sei porque os Argentinos que vem pra cá reclamam tanto da nossa cerveja. Enquanto que aqui tomamos em Long Neck ou garrafa de 600ml a R$ 3,50 mais ou menos, lá eles tomam cerveja de 1L a o equivalente a R$1,20.
Desculpe me intrometer mas eu e o niki combinamos de escrever esse texto juntos.Bem, não dá pra fazer a coisa simultanemente mas a gente tenta algo legal.Embora cada um tenha seu jeito de escrever e seu senso de humor, essa viagem foi muito louca e qualquer um teria vontade de escrever sobre ela.
Lembro nitidamente em minha cabeça, todos os passos.Acordar cedo, pegar o fardinho de Smirnoff Ice, juntar os trapos e ir para a frente da escola.Soltar foguetes.Os pais trazendo os filhos para estudarem e uns loucos bebendo as 7 horas da manhã.Foi só o início.Apenas o momento de espera.
O resto foi o resto.Imperdível para quem estava lá, incompreensível para quem não foi.Acho que isso é a coisa mais louca.Não consigo descrever as histórias de lá.Elas parecem tão simples assim, resumidas em palavras.Não parecem ser tão legais como realmente foram, contadas aqui.
Dois anos, cara.Que loucura.De certa forma, quando fomos para lá a minha única idéia era beber cerveja e curtir.Creio que isso prevalecia na mente do resto da galera também.Mas hoje, aqui, escrevendo e relembrando coisas de dois anos atrás, percebo a grandiosidade dessa viagem.
Era o fim de uma era.O fim de uma época na qual as coisas pareciam difíceis, mas eram fáceis.Um momento em que grande maioria, estava para tomar seu próprio rumo.Um grand finale. Se era pra acabar que fosse estorando a tanga!
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