sábado, junho 30, 2007

Como rodar no exame de direção em 1 passo

O percurso é fácil. Uma volta na quadra, uma baliza, e um morrinho para parar e arrancar novamente. Com o carro estacionado, dê seta para a esquerda, arranque, passe a marcha. Dê seta para a direita, pare o carro, engate a primeira, arranque novamente. Engate a segunda marcha, e no lugar que não tem placa, aviso ou qualquer coisa do tipo, a rua que você está NÃO é a preferencial, passe reto por ela. Pronto, você acaba de rodar no exame da auto escola. Vai ter que esperar 21 dias e pagar 45 reais para fazer tudo de novo.

domingo, junho 17, 2007

Sempre tem a gordinha

Sabe aqueles churrascos da gurizada? É que geralmente tem um e outro intruso, visita ou desconhecido por todo o resto. O desconhecido, certamente, quer ser um cara legal, boa praça e se enturmar logo com os outros. Esse desconhecido, é amigo do dono da casa que tem o churrasco, vai puxando papo sempre, faz piadinhas para quebrar o gelo, se prontifica sempre para ajudar e todas essas outras coisas que todos já passamos quando só conhecemos o anfitrião da casa.

O primeiro a chegar sempre é o desconhecido. Já chega antes para evitar de ser esquecido pelo anfitrião na hora de ser apresentado. Arrumam as coisas para o churrasco, compram mais cerveja, e aos poucos os outros convidados vão chegando. Primeiro a namorada do dono da casa, junto com uma amiga, até então solteira, mais uma amiga com o namorado. As duas muito bonitas por sinal. Uma loira, a de namorado, e uma morena, a que estava solteira. Apresentações feitas, uma das meninas lembra:

- O gente, esperem ai, a Tati tá no carro ainda.

E de longe a porta se abre, estranhamente o carro estava seriamente inclinado para o lado que a tal Tati, ainda estava sentada. Depois de abrir a porta, colocar um pé para fora, depois o outro e sair do carro, eis que o mesmo se indireita novamente. Do carro sai um ser grande, para não dizer enorme, ageitando a blusa amaçada e torta naquele corpinho barril.

- Ah, sim, a Tati, claro...Como poderíamos esquecer dela, tão pequeninha - brincou o namorado da loira

- Ah, vai se fode filho da puta - retrucou a Tati

Ali já deu para ver o nível da pessoa. Aquilo era mais pra uma Tati quebra-barraco, do que um ser-humano normal. Um sharpei talvez, só faltava a lingua azul, ou quem sabe um leão marinho porque bigode já tinha.

Mesmo com a porta aberta, ela teve que entrar de lado. Não que a porta era estreita, ela que era muito grande.

Mas agora já estava tudo feito, carne assando, gente conversando, mais pessoas chegavam, até um americano, amigo do dono da casa apareceu, tentando falar um português normal. Papo vai, papo vem, cerveja vai, cerveja não volta, prato com petiscos vai e também não volta...Até que a campainha toca mais uma vez, era até então O Dani.

- Ooooiiiii geeeeentiiiiiiiiiiiii-disse ele assim que chegou

- "Aaaaaaiiiaaaaiiiaaaaaaaiiiii......fora aquela lontra gorda, uma bixa escandalosa ainda?" - pensou para si o desconhecido, mas preferiu ficar na dele, já que não tinha muita moral com os outros ainda.

E assim foi, noite a dentro, cervejas e mais cervejas, carne e mais carne, vodka e mais coca. Até que então o desconhecido já estava bem enturmado, fazia piadas com os outros, ria junto, e pareciam amigos a tempo. Ele, o desconhecido, havia se enturmado bastante com o tal americano e com o cara que abraçou a causa do churrasco. Eram gente boa, conversavam davam risadas. E no resto do pátio a loira com o namorado, a morena com o namorado que havia chegado, a gorda e O Dani.

Já tarde da noite, quando poucos ainda sabiam quem eram e onde estávam, o desconhecido decide sentar num sofá ali no pátio para descançar as pernas, já que estava de pé a noite toda, ajudando a servir a galera, dançando e conversando. Foi só o ato de sentar, que O Dani, embalado por várias doses de vodka senta numa cadeira próxima e começa a chorar aos prantos.

- Nossa Dani, que que houve? Tu é um bebado emotivo? - perguntou o desconhecido

- Ai, eu queria muito que uma pessoas estivesse aqui hoje- disse ele

O desconhecido deu uma tragada em seu cigarro e vomitou um " HMMMM" no meio da fumaça.

- Terça foi dia dos namorados né, certo? - Afirmou meio que perguntando, O Dani.

- É, foi na terça sim.

- Pois é, tomei um bolo imeeeeeeeensoooo no shopping nesse dia - disse ele levantando as mãos para cima e abanando-as de forma esquisita.

- Fiquei no shopping até as 11 da noite esperando ELE, pra i no cinema e ELE não veio.

O mundo parou. O desconhecido não estava mais entendendo nada. O Dani estaria virando A Dani agora? Náuseas tomaram conta do desconhecido. As coisas começaram a girar. Será que ele tinha ouvido certo? Até então O Dani estaria esperando, no dia dos namorados um HOMEM?Aaaaaii, toda aquela desconfiança estava se concretizando. A maioria do tempo com as mulheres, dizendo que queria beber para esquecer pessoas, os gestos estranhos com as mãos, o jeito de dançar música eletrônica. Tudo começava a se encaixar agora.

- Bah cara, que droga....vo ali pega uma cerveja.

Foi a deixa que precisou para ele sair de perto DO ou DA Dani e ir falar com gente que gostava do sexo oposto.

- Bah meu, que situação, não é que o cara ali corta pros dois lados mesmo? - disse o desconhecido para o americano e o churrasqueiro.

- Oooww my good, eu não chegar perto dele mais este noite- disse o americano

- Desconfiei desde o princípio disse o churrasqueiro.

- Bah ta loko. E sente só a situação né cara, tem 11 pessoas aqui, 6 são casais, 3 tão solteiros, uma é gorda e um é viado. Meeeeuu deeus...- disse o desconhecido

- Quem vai pega a gordinha? - completou ele

- Bah cara, tem situações que a gente precisa mante o nível né- retrucou o churrasqueiro

- Pois é, vamo aproveita a música, a cerveja e a carne que ainda tem.

E continuaram, conversando, bebendo, comendo e longe do ser neutro Dani e da coisa espaçosa.
Não passados 10 minutos, o dono da casa se aproxima dos três solteiros da casa e fala....

- O cara, não que fica com a Tati - direcinando-se para o desconhecido

- Maaaagiiiinaaaaaa, o cara, ta loko né, vamo se respeita.....Como se já não bastasse um bambi aqui com nós, tu vem me empurra uma gorda ainda????creeeeedoo

- Bah meu, me ajuda cara....E tu gringo, não quer a gordinha pra ti??

- No way man, eu estar fora dessa.

Então o dono da casa voltar para falar com a Tati ocupa espaço, diz duas ou três palavras, ela fez uma cara de arrasada, levantou-se e foi durmir no sofá. Enquanto que o elemento neutro Dani, dançava sozinho no meio do pático om um copo de vodka na mão.

- Bah o gringo, vamo racha um táxi pra i pra casa? além de nós ta sobrando aqui, tem uma gorda e um gay em volta...

- É, eu já to pulando fora também- disse o churrasqueiro.

- O clima tá muito pesado e cor - de - rosa aqui - completou ele aos risos

- É podi crê brow, vamos embora daqui - completou o gringo.

sábado, junho 02, 2007

DH de Veranópolis

- Ô pai....

- Ai, ai, ai, isso que me dá medo.....

- Hahaha, nada a vê....

- Fala, meu filho..

- Então pai, queria sabe se tem como tu empresta a kombi pra nós i pra Veranópolis, na segunda etapa do Downhill.

- Quem que vai?

- Ah, eu, o Tiago, o Kuki, o Sammy e o Pikachu...

- Quando?

- Daqui três semanas...

- Tá...sem problemas. Já aproveita e marca um churrasco com eles aqui em casa semana que vem pra eu conhece todos eles. E quem vai dirigi?

- O Sammy...

- Beleza, sem problemas, filho...

- Aeeee paaai, brigadão - e deu um forte abraço em seu pai, o único em toda família que o apoiava no esporte, o levava para os treinos, e sempre que podia, ajudava a comprar algo paara a bicicleta. Diferente do reeeeesto da sua família, que queria que ele jogasse vôlei, mas não eram capazes de pedir se ele precisava de um par de tênis para jogar.

E assim ia, fazendo o que ele gostava, mas o que os outros odiavam. Caia, se machucava, quebrava a bicicleta, voltava tarde para casa, saia sem avisar, mas era feliz e ninguém sabia. Movia céus e terra para tentar ter algum apoio tanto para ele quanto para seus amigos irem para as corridas, já que o esporte não é nem um pouco barato. Quando passava perto da prefeitura todos já o conheciam e pensavam " Lá vem o guri pedi pra nós dá transporte pra ele i anda de bicicleta no meio dos mato". E assim ia, cada um ajudava um pouco, todos viravam noites mexendo na bicicleta, e tudo isso na época que a corrente ainda caia. Ningué conseguia descer um cordão sem a maldita da corrente cair. E para colocá-la de volta, no mínimo, até o pescoço ia ter graxa.

Churrasco feito, tudo pronto e acertado pra a viagem. Chega o dia, bikes dentro da kombi, mochilas, sacos de durmir, barracas, contatos com outras pessoas feitos para sabermos onde iriamos dormir. Chegando lá, muuuita gente, e de começo um duplo gigante, maior do que qualquer um tinha visto pessoalmente até então. Vários "famosos", que até então eram nossos idolos no esporte, como o Colombo, o Gordinho, o Djone e etc...Automóvel estacionado, hora de equipar-se e começar a descer. Na primeira descida já os três chegam lá em baixo brancos, assustados com todos os obstáculos da pista. Pulos, single tracks, pedras, drop's e várias outras coisas. Primeira descida, só de reconhecimento, segunda também, terceira também, quarta já tentando descobrir o melhor traçado e por ai foi, até o fim do dia.

- Maaasssaaa pra caraaalho meu!

- É verdade, muito a fude.....

- Tá e onde vamo durmi afinal de contas?

- Sei lá, tem que fala com o Retcha, o Gregory....

Falando com os tais, gringos de bento. Só de abrir a boca já era risada na certa. Ainda mais depois de terem apresentado um amigo que morava "ali perto" da trilha, o Fritscho.

- Cuuudiiioonaa meeu, tu viu akele dropzão la no meio rapaiz?- Dizia um deles puxando o R com sotaque bem italiano.

- Caaaamaadooona, tomei uns quarenta capote lá, só hoje....- completou o outro.

- Tá e o meu, onde que nós vamo durmi??

- Aaaah, nem esquenta bicho. É pertinho, do lado de uma igrejinha..Dá até pra i de bike se vocês querem...

- Beleza, vamo lá então, já tamo tudo pronto...

Puuuutaaa queeee paaariu, aquele "ali pertinho, do lado da igreja" deve ter demorado uns 30 min mais ou menos, de bike, numa velocidade consideravelmente rápida, ou seja, era longe pra caralho.

- OO Fritscho, esses aqui são os piá lá de Nova Petrópolis que vão fica ai esse fim-de-semana.

- Ma porcodio, como são feio esses alemão, olha ali do taamanho do nariz do otro, peeelamor dedeus, já to quase sem ar.

Pronto, foi o que precisou pra quebrar o gelo e ve que aquela noite ia promete.

- Mas hein gurizada, vocês vão fica ali na igreja, em baixo daquele telhadinho, só me cuidem com o homem do garfo. Ele vem de noite e pega vocês.

Todo mundo se olho sem sabe o que fazer ou falar, mas tudo bem...

- Hahaha, pode deixa Fritscho.

Arrumando o tal do acampamento, montado as barracas, e ageitando o lugar, vimos que até banheiro tinha, mas estava trancado. Mas isso não é nem um pouco problema quando se tem um Japonês junto. Antes de nós pensarmos em acabar a frase eis que sai o Sammy de dentro do banheiro, reclamando que arranhou as costas passando pela janela. Detalhe, a janela deveria ter uns 60cm por 40, não mais que isso, com certeza. Depois de usar sua técnica ninja, não revelada, o acampamento estava pronto, com banheiro, barracas, som, e tudo o mais. Hora de dormir, e contar quantas pedrinhas havia no chão, que era todo de brita.

Manhã de domingo, acordar, lavar a cara, comer, acertar a bike, colocar tudo dentro da kombi e ir treinar. Antes mesmo de tentar começar a seqüencia:

- Vaaaammoooo seus alemão fedorento, vamo treina - Gritava o Fritscho, do lado de fora do "acampamento". Imaginem uma pessoa de 1,60m de altura no máximo, barriguinha de cerveja, cabelo vermelho, óculos, e o rosto vermelho de encher a cara com vinho. Mais ou menos assim era o tal do Fritscho. Fiasquento como todo gringo, quando ele reconhecia qualquer um de nós descendo a trilha, ele gritava:

- Pedaaaaala que o homem do garfo ta ai atrás. - E se estoraaaaava na risada, acompanhado do seu copo de vinho, sempre.

Fim da corrida, Niki ainda conseguiu um 3º lugar e um tornozelo com os ligamentos rompidos. Uma calça comprida de um lado e uma bermuda do outro, e uma bicicleta em pedaços. O Kuki conseguiu uma camiseta e uma bicicleta em pedaços, e o Tiago, uma bicicleta em pedaços.

Escurescendo, hora de comer. Restaurante ao lado da ponte do rio das antas era o lugar. Chegando lá, todos pediram uma ala minuta e coca-cola. Apesar do cansaço, muito papo e muita risada na mesa. Tarde da noite, acertamos as contas com o dono do bar, que mais parecia uma morça tendo um filho do que um proprietário de um restaurante. Na saída, quando estávamos chegando no nosso meio de locomoção, a kombi, eis que para um Oggim cinza, vários adesivos de bicicleta, racks no teto e a frase que saiu pela janela:

- O testa, me da o alicate pra fecha o vidro.

Foi o que bastou para todos caírem na risada. Era o Colombo, e o Testa, dois caras de Farroupilha que já fazem parte do patrimônio histórico do Downhill do RS.

Saindo do carro, os dois olharam, com cara de tacho pensando " que que esses merdinhas que vieram na primeira corrida, tão rindo de nós?"

- Testa, pega um e vamo da um chá de cueca.

Correria no estacionamento do restaurante, parecia mais um pega pega, todos dando risada da situação. Tentaram mas não conseguiram....

- Vãão embora seus cú de arrasto - gritou o Colombo

- Taaaca fooogo nesse oggi meu - retrucou um de dentro da kombi e respondendo o gesto obscendo feito por eles.

Já em território seguro, dentro da kombi, voltando para casa....

- Alguém ai quer chocolate??

- Ã? Como assim? Quem compro chocolate que eu não vi...

- Ninguém compro...eu peguei emprestado sem garantia de devolução...

- Hahahahahahaha, seu malluucoo - disse um

- Meeeudeus...o cara não viu? - perguntou o outro?

- Claro que não né-ele respondeu enquanto todos dava risadas dentro da kombi.

- Ceeeeerto que tá vencida essa merda ai, o cara tinha até akeles chocolate Kit Kat pra vende.

- Sei lá meu...eu vo come - disse ele abrindo um bombom

- Eu também quero

- Eu também

- Dá um pra mim....

E assim em menos de 5 minutos todos estavam degustando os chocolates, até que no ultimo, por desencargo de consiencia, um teve a péssima idéia de verificar a data.

- O meu, que dia é hoje????

- Domingo.

- Cala boca, em números eu quero sabe.

- 07

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAH......3 meses vencido já tá bom pra vocês?????

- Puta que pariu, bem que eu senti um gosto meio estranho....

- Bah, é verdade....

- Aaaah que se foda, foi de graça mesmo.....


E assim foi, o primeiro de muito campeonatos que nós fomos, nem sempre tão engraçados, nem sempre com tempo bom, sem sempre com dinheiro de chega. Mas eu era feliz e não sabia, os outros ainda são, porque ainda correm, dão risadas e conhecem gente nova a cada etapa....