domingo, setembro 23, 2007

Quem tem boca vai a Roma,mas antes,passa na zona

Não sei porque realmente escolhi esse título.Na verdade,uma coisa não tem nada a ver com a outra.O problema é que acordei com isso na cabeça.Acho que sonhei com alguém que ficava repetindo isso.Mas uma coisa eu sei, amigos: todo homem algum dia,em algum momento de sua vida , pensa em conhecer uma zona.A maioria vai.Alguns ficam na curiosidade


Zona,puteiro,bordel,prostíbulo, estabelecimento comercial de xoxotas.Tudo a mesma coisa, o mesmo produto.Alguns desses homens realmente tem o costume de ir sexta feira na zona da cidade gastar todo seu dinheiro de trabalhador.Mas alguns tem sua única vez.Logo, se torna uma coisa única, e você passa a ter essa história pra contar


Era sábado,15 de setembro.No domingo, fariam 20 anos que eu vim parar aqui,nesse mundo louco.Como costume,paguei uma caixa de cerveja e as pessoas apareceram lá em casa.Sempre começa assim.


Quando faltavam alguns minutos para a meia noite, bateu aquela sensação estranha que eu já estava ficando acostumado a sentir.Peguei meu copo,meu cigarro e uma cerveja na geladeira.Fui para os fundos de casa, me distrair um pouco das outras pessoas e entrar no meu dia de aniversário de maneira honrosa:bêbado e deprimido.


O Luio me achou.Nem imaginei que ele fosse passar ali em casa.Achei legal.Querendo ou não, nessas horas que o cara insiste em ficar sozinho, parecem ser os momentos que o cara realmente mais precisa de companhia.Que bom que tenha sido o Luio então.Fazia um tempo que eu não conversava com ele e a gente sempre tinha um papo legal.Desses que o cara senta,toma uma ceva e fica falando sobre as merdas da vida ou qualquer outra bobagem.Já ouvi vários momentos do Luio e ele vários momentos meus.Acho que desde que eu o conheci, era minha pior fase.E como um cara que me conhece, ele já tinha percebido.


-Fala Déco! Parabéns mais uma vez cara!!!E ai..como tu tá?


-Pois é meu guri...naquelas


-É...eu sei cara


Assim são as amizades que ja duram um bom tempo.Com vagas e poucas palavras, um entende ao outro.Ele sabia porque, talvez soubesse mais do que eu.O Luio já passou por uma fase parecida, e assim também fica mais fácil.As vezes aparecia um e outro no meio da conversa,davam os parabéns oficiais e pediam que diabos eu e o Luio estávamos fazendo nos fundos de casa."Nada.Só tomando uma ceva e trocando uma idéia".


Foi bom conversar com ele.Eu nunca consigo falar muita coisa sobre o que eu estou passando,mas o pouco que consegui com o Luio já estava legal.Fiquei feliz também em saber que ele estava muito bem.Acho que nunca vi ele tão seguro e de bem com a vida.É isso aí Luio.Tu merece!


Ele foi embora,outras pessoas também.Sobraram os de sempre.Matias,Bicudo,Êdo, Zeca e um cara que eu nunca lembro o nome.A gente tava naquela fase final da caixa de cerveja.Essa é a pior.Parece que as últimas são mais difíceis.Eu olhava pro meu copo e ele estava sempre cheio.Dava aquelas bicadas de bêbado e de repente já tinha enchido de novo.Bolei alguma filosofia que relacionava a vida com um copo de cerveja.Decidi guardar essa só pra mim.Sorri comigo mesmo.Olhei em volta.Tenho grandes amigos.Todos que já tinham ido e aqueles que ainda estavam.Fico feliz por isso.Me senti melhor.Até arrisquei algo que achei que ninguém ia levar a sério:


-Gurizada.Já é domingo.Eu tô de aniversário.E nunca fui pra zona


O Êdo deu aquela coçada na barba e me olhou com um sorriso de quem queria aprontar.O Matias olhou com aquela cara de "vamo embora,qq tamo fazendo aqui ainda?".O Bicudo sempre sério, balançou a cabeça e riu.O Zeca e o cara sem nome eu deduzi que não iriam.Eu acho que na verdade todos não caberiam no carro então eles foram os mártires.Por um lado eles foram caras de sorte.



60 pila! isso que conseguimos juntar pra noss aventura.Davam 6 cervejas, 1.5 pra cada um.Bem,porque nao? Sei lá é só um lugar diferente pra tomar cerveja.Entramos no carro.A merda tava feita.



Sem muitas opções(na verdade..apenas uma opção) entramos no Talassa.Eu acho que poderia ter esperado uma outra oportunidade.A cara daquele lugar não é muito interessante.



Pedimos a cerveja.Geladinha.Ainda bem porque por 10 reais era o mínimo que eles podiam oferecer né?Fiquei observando.Dei uma olhada nas mulheres,no lugar e apreciava minha cerveja.Na segunda rodada,elas sentaram.Deve ser alguma tática.Se o cara pede a segunda, é porque vai querer ir além.Bem se elas pensavam isso estavam enganadas.Elogios baratos.Conversa fiada.Quanto mais eu ficava ali,mais sabia que aquilo não é lugar pra mim.



Eu não dava bola pra "moça" que sentou do meu lado.Percebi que ela ficava me olhando.Uma hora olhei pra ela.Até que era bonitinha.Ela olhou pra baixo e viu minhas pernas cruzadas.E sinceramente,pediu uma coisa que eu realmente nnão esperava:

-Tu é viado?

Fiquei olhando pra ela.O tipo de pergunta que tu não espera ouvir.Pensei um pouco.Não sobre o fato de ser viado ou não.Mas pra essas mulheres, um cara que chega lá e não fica passando a mão, tentando alguma coisa, deve ser coisa rara.

-Não....sinceramente não.Eu pareço ?

-Não sei...é que tu é diferente...

Diferente já é meio caminho andado pra ser viado.Ri mais uma vez.

Foi então que o Êdo começou com as pira.O êdo tem uma coisa que eu acho muito engraçado.Ele inventa alguma coisa e entra na história.A mina se virou pra mim e pediu surpresa:

-Porque tu não me falou antes que era escritor??

Bem eu também não sabia porque eu diria alguma coisa assim,até ver o Êdo se estorando atrás dela.

-Bem.Eu não tinha porque falar.Tô só começando também...

-Começando nada Dé.Fala aí pra mina que tu escreveu um livro e já tá famoso.Só não sei porque não continua escrevendo.Cheio de talento e fica se enrolando.

-Como assim?- ela pediu

-Não sei.Eu gosto de escrever e tudo o mais.E é só por isso que faço isso.Mas as pessoas não entendem que o dinheiro é o que menos importa.E eu não vou ficar escrevendo o que os outros querem ouvir.

Ficamos viajando um tempão naquilo.Posso dizer com orgulho que fui pra zona e troquei uma idéia com uma puta.Quando lembro da cena, me parece normal a pergunta que ela fez.Mas não posso forçar algo que não é de minha natureza certo?

Afinal de contas,me diverti.Acabei a noite bêbado, devendo dinheiro pra um cara que não sei o nome, mas eu era escritor famoso e além de tudo: um cara diferente.Espero que isso seja uma qualidade.As mulheres hoje em dia não gostam tanto disso.Mas tudo bem.É a vida.Posso conviver com isso.

by dream is destine

sábado, setembro 15, 2007

dream is dentine's birthday

Pois é, que que a gente faz quando um pé do sexteto já entra na casa dos 20?

O tempo passa nego véio, ainda lembro do primeiro dia de aula da 7ª série. Naquela primeira aula de português e aquela tua redação cheia de girias. A história seu eu bem me lembro era de dois caras do morro conversando, cheio dos " morô brother?" , "tá ligado, mano?" e essas coisas. Escrevia uma linha, e lia ela pra nós. A redação mesmo era virada em aspas e gírias dentro delas. Só mesmo sua redação pra ter mais gírias que o seu próprio palavreado, vindo de Novo Hamburgo, toda a colonada de Nova Petrópolis fazia olho grande quando soltava um " ah professora, fala sééééério" ou dizia uma palavra com dois erres mais suave, não como nós que soltávamos uns " ooo buuRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRooooo" e essas coisas.

Até ai tudo bem, primeiro dia de aula, apenas se conhecendo...e aquelas mesmas perguntas de sempre pros alunos novos " Nome, de onde vem, que que tinha aprendido da matéria, que que o pai fazia e blá blá blá" ...... Dali a primeira surpresa já de cara, o piá era filho do pastor que tinha sido transferido pra cidade.

Bem na real assim não sei quando foi mesmo que deu pra dize " caralho, agora tenho um amigo de verdade" foi tudo meio aos poucos, ele foi conquistando toda a galera. Umas coisas parecidas, do tipo escuta nirvana e jogar basquete, e outras bem diferentes, do tipo ficar discutindo com o professor de história coisas que aconteciam la no período do Paleolítico.

E assim foi a sétima série, dai a oitava, os primeiros porres, as gurias, as discussões e as ajudas. Não sei porque mas acho que o Dé quando nasceu já nasceu escutando os desabafos do médico com os problemas na família. O piá certo pro cara troca uma idéia confirmada.

Foram algumas fases que todo mundo pôde acompanha dele, desde a época de grunge (leia-se, calça jeans, camisa de lenhador xadrez e boné) até os moletons furados, sem elástico, camisetas manchadas e essas coisas meio de hippie que eu sempre desconfiei que ele tivesse esse tipo de tendência ao socialismo.

E assim sempre ia, nos tempos bons que ninguém trabalhava, só ia pra aula pra conversar, tomar aquela coca no muro da casa do pastor, campeonatos nos tempos de atleta, festas....aaaaah as feeeestaaas, que não foram poucas nem ruins. A prova roubada na escola. Os cabos de vela tirados da moto da professora, os carrinhos na hora do recreio, que fazia toda escola parar pra nos ver um quase quebrar a perna do outro.Os churraascos na casa do pastor, as jantas em plena terça-feira, aniversários, e até a famosa durmida de um pelotão inteiro na casa do André, com direito a revista policial e tudo. Bons tempos aqueles. Agora é cada um no seu rumo, todos na facul fazendo o que gostam, uns na engenharia, outros na saúde e assim vai....Mas o mais importante é que independentemente da distância, gosto ou qualquer outra coisa que possa diferenciar uma pessoa da outra, o Dé tá sempre ai pro que der e vier e blá blá blá. Esse é o tipo de coisa que duas pessoas com o grau de amizade que nós temos, não precisa ficar sendo repetida a fim de reforçar a nossa amizade. Isso tudo a gente já sabe, e é só um cumprimento meio esquisito no msn pra um sabe que o outro precisa de ajuda e vice-versa.

Sem mais essa lenga lenda do caralho ai....bixo, parabéns pra ti ai..tudo de bão nessa vida que tu merece meu velho...

aquele abraço bruxo....

terça-feira, setembro 11, 2007

11/9

Era 10 de setembro de 2001.Perdido, entre milhões de pessoas, numa janela insignificante em relação ao lugar que o rodeava, Hassab observava as pessoas.Não era uma observação precisa, afinal, do 27 andar do World Trade Center não se vê tanta coisa.Mas admirava,encantado com a maneira que os seres humanos evoluíram.Na verdade, para Hassab, teria sido uma regressão.
-Ali Hassab!!!!!! El Jorgito acá não sabia que usted fumava la marijuana!!!
Jorge(leia-se RRRorje) era um mexicano.Hassab tinha pena dos mexicanos nos EUA.Ele trabalhava de faxineiro com Jorge há cinco anos, nesse escritório de contabilidade num dos prédios mais importantes do mundo.E eles encerravam seu expediente à noite, limpando tudo que havia para limpar.E esse convívio lhe mostrou a maneira que esse povo sofre por lá.
Mas era verdade.Hassab estava fumando um baseado que arranjou pelas ruas de New York
-Realmente caro Jorge(não que Hassab não tinha sotaque,mas não imagino como seria, um muçulmano com sotaque em inglês, transformado para o português..complexo...)...Mas é que não tenho esse costume.Faço isso..porque hoje é um dia único
- Y porque?????
-Sabe Jorge...as pessoas...os objetos...e esses dois prédios...talvez não estarão mais aqui amanhã
Hassab sabia que nesse momento poderia contar ao amigo o segredo que lhe atormentava há um ano.Mesmo que fosse realmente assustador, se Jorge pensasse em contar algo, o coitado era tão azarado que eram capaz de achar alguma maneira de culpar ele por os crimes dos outros..como sempre acontecia.Jorge já havia sido acusado de tudo que é coisa...Acho que se ele fosse mais velho, já teriam o acusado pela morte de John Kennedy
-AI AI AI AI AIIIIIII....tu i sus hermanos de Alá estan a aprontar algo...
-Quero que saibas, caro amigo, que não concordo nem tenho nada a ver com isto tudo.Só me avisaram que no dia 11 de setembro, algo seria feito e pessoas morreriam,e disseram que eu não deveria vir trabalhar...e acho que você também não deveria vir.
-Carajo Hassab...aí sim seríamos suspeitos...
-Nunca Jorge, milhares de pessoas trabalham aqui!
-E provavelmente todas virão amanhã,como num dia normal.E do nada, um libanês e um mexicano não resolvem aparecer e BUM.
Jorge, como todo mexicano, era realmente paranóico, achando que tudo cairia sobre ele sempre. Hassab percebeu que ele estava certo..se a coisa fosse investigada, seria muito suspeito.Mas o que ele faria? Uma coisa que já estava sendo planejada há mais de um ano, não seria interrompida.Ele sabia o quão extremistas eram os que estavam por trás de tudo, e não haveria volta por nenhum motivo.
-Bem Jorgito...talvez não há nada a fazer então...estamos ferrados de qualquer maneira.
Jorge tirou mais alguma maconha do bolso...enrolou um baseado...quebrou um vidro para ficar mais espaçoso...e se juntou ao amigo..sentindo uma normalidade estranha daquela situação..
E foi realmente estranho...eles faziam o que dava na telha, pois sabiam que amanhã tudo iria pro espaço, e ninguém iria notar.Quebraram várias coisas.Ficaram por ali mesmo.De suas casas humildes eles nem queriam se despedir.
Era estranho se sentir assim.Sabiam que era o fim.Hassab contou como havia parado ali.Naquele país,naquele emprego.Contou que tinha apenas uma mulher quando morava no Líbano, e mesmo sendo muçulmano, acreditava na monogamia e que o amor verdadeiro só se sentia por uma mulher.Teve 5 filhos com ela.Mas foi considerado infiél por ter alguns costumes ocidentais.E como castigo, toda sua família foi morta, e ele foi posto num avião para os EUA com um emprego de faxineiro no WTC.Disseram que um grande futuro lhe havia sido reservado.Na verdade, quando Hassab chegou, só pensava em juntar-se a sua família e nada de as cento e tantas virgens que lhe aguardavam.Mas suicídio era algo que ele nunca tolerou,por isso não havia se matado até hoje.E estava feliz agora.Por que iria morrer tranquilo, no que não poderia considerar realmente como um ato de se matar.
Jorge ficou comovido com aquilo tudo.E disse que apesar de ter passado por muita merda, não se arrependia nem guardava mágoas de ninguém.Se pudesse ter uma segunda chance, aproveitaria e tentaria fazer algo decente.E sabia que no fundo Hassab gostaria de ter alguma chance de se vingar pela morte de sua família.
Estavam chapados e provavelmente adormeceram.
Foram achados quando as pessoas começaram a vir trabalhar, deitados nos sofás confortáveis do chefe daquela empresa.Contestaram quando foram chutados para fora, demitidos por justa causa.E o chefe disse que seriam processados, mas não deram muita bola pois provavelmente ninguém ficaria sabendo de nada.E se soubessem já estavam fudidos mesmo
Muito louco.Hassab e Jorge tentaram ter um último dia decente, e acabaram salvando suas vidas.Perderam um emprego e tudo o mais, mas o que importava agora?
Hassab começou a fazer planos..disse que aquilo tinha sido uma intervenção divina, e eles deviam agradecer a Alá por tudo, e que a partir de agora, Ele cuidaria para que seus planos se realizassem a partir de agora .Enquanto o libanês filosofava na calçada, o mexicano comprava duas câmeras ...entregou uma para o amigo...e o mandou para um outro ponto longe dali...e pediu para que ficasse filmando o WTC...
os dois ficaram ricos, vendendo muitas cópias de suas filmagens aos noticiários do mundo todo.
Hassab virou companheiro de pôquer do Bin Laden, e ganhou mais dinheiro ainda com a jogatina.Propôs uma rodada numa festa em que estivessem milhares de terrorista.No dia 10 de setembro de 2007 esse jogo aconteceu, e com um Full House na mão, em frente ao Bin Laden explodiu uma bomba amarrada em seu corpo, acabando com quase toda Al Qaeda.Enquanto isso, o mexicano rodava uma grande produção holywoodiana sobre um 10 de setembro de 2001 que mudou sua vida.

domingo, setembro 02, 2007

O Artêmio também era um cara legal

Manja aqueles caras de bem com a vida? Que lá pelos 100 anos de vida, não passou mais de uma hora chorando, se lamentando e etc por coisas ruins que aconteceram? Assim era o Art. Eu ( Leovaldo ) e ele, sempre fomos muito amigos, aqueles que até a guria na festa dividia. O Art sempre foi um cara meio estranho, legal, mas estranho. Acho que ele faz parte da nova safra de nerd's. Fazia o estilo meio, sei lá, esportista quem sabe, ou casual. Bem vestido, no começo mais tímido que uma criança, mas depois que bebe ou se sente mais a vontade, a risada era garantida. Dono de uma mente completamente brilhante, não foram nem uma nem duas vezes que no Ensino médio ele levantava-se da sua calsse no meio da aula, apagava o que o professor tinha escrito e colocava o número certo, já que nas exatas ele era quem mandava. Eu digo um nerd moderno porque o Art não era como esses de hoje em dia que saem de casa, vão pra aula, voltam, almoçam, estudam, vão para frente do computador e dormem. A maioria usa óculos, são gordos e brancos e tem tendinite nos pulsos de tanto jogar computador. Ah, sem contar que a maioria dá o primeiro beijo na noiva e olha lá.

O Art era completamente diferente. A começar que nao era braquelo, meio moreno, cor de cuia manja? Muito comunicativo e humilde com sua inteligência, sempre quis que todos soubessem o que estavam fazendo na aula, e não apenas decorassem o conteudo e depois da prova esquecessem tudo. Assim ensinou seus 5 amigos do peito matematica, quimica e física, enquanto que eles o ajudavam em História e Biologia. Mas como a característa inconfundível dos nerd's, Art também usava óculos, não dos fundo de garrafa, mas usava. Tinha descoberto a maconha junto com Levi, por pura ironia do destino, ajudando dois caras que estavam trocando o pneu do carro na estrada, quando eles estavam indo para uma festa.

Ele era definitivamente o cara. Inteligente, comunicativo, humilde, engraçado pra caramba. Bunito não digo que era porque dai já fica muita homossexualidade da minha parte. E como eu, também era perdidamente apaixonado por uma menina, completamente diferente da Neca, para sua sorte. A Marcela, melhor amiga da Neca, mas completamente diferente. Uma menina, linda, inteligente e descolada. Não gritava onde não podia, não bebia onde não era permitido e se não fosse o cara que ela achasse legal e que poderia render outras coisas, não o deixava chegar nem perto, só era um pouco mimada, mas nada que não dava para ser contornado. Sorte a do Art ser o homem ideal para ela, já tinham ficado algumas vezes...mas ela morava em outra cidade, e não achava que ter algum sério ia adiantar, mesmo confiando no Art e com sua timidez que não deixava nem olhar para as meninas sem ficar vermelho. Falvam-se por msn, todos os dias. Mas com o tempo, começou a ficar chato, sempre akele mesmo papinho inútil de sempre:

- Oooooi queriidaa!

- Ooooi amooor!! Como vc tá??

- Sentado! e tu??? - ( ah, e o senso de humor do Art era um dom que só ele tinha, de fazer piadinhas na hora certa e sair por cima sendo um cara agradável e engraçado)

- Hahaha bobão...também to sentada

- Novidades, Mah?

- Ah, nada de mais...sempre a mesma coisa né...estudar e estudar....e tu??

E assim ia, meio que uma rotina de conversa, sem muito a mais o que acrescentar. Aaaaaah, vocês estavam quase achando que a Marcela era perfeita né? Não, ela não é perfeita, pelo simples fato de ela poder passar na tua frente e te comprimentar calorosamente, dar um passo a mais e simplesmente ignorar a sua existência. Tem gente que diz isso que é mau humor, mas o Art queria acreditar que ela era só uma pessoa de Lua. No começo o Art até engolia as grosserias dela, as vezes que ela o deixava falando sozinho, e as vezes que ele tentava ajudar e ela grosseiramente se dizia "auto-suficiente". Até que um dia, a paciência "auto-suficente" do Art acabou, e com ela uma leva de xingamentos à Marcela. Orgulhosa como tal, Marcela até hoje acha que a culpa de tudo era sempre de Art.

Nas primeiras semanas, o coitado do Art se sentia pior que a merda do cavalo do bandido, tamanho era seu arrependimento de ter falado tudo aquilo para ela. Mas no fundo sabia que valeu a pena, já que ele nao suportava o orgulho e o estado de Lua de Marcela. Mas com a ajuda de todos seus amigos, tirou o pé da lama e jurou nunca mais ser o carpete que todos pisam, o bonzinho que só se fode, o queridinho que houve os problemas de todos e nao tem nenhum.

Claro que com seus amigos não mudou, ficou aquele cara legal de sempre, mas com elas, principalmente com a Marcela, depois de tê-la deletado e bloqueado do msn, o dia em que ela veio falar com ele, foi a coisa mais linda do mundo. E eu pude pesenciar. Em resumo, ela quase ajoelhou-se na frente dele pedindo desculpas e falando que ela não era mais tão feliz quando como era na época em que os dois eram amigos/ficantes. Art foi irredutível, falou mais ainda, tudo que estava engasgado. Virou-se e foi embora, cena de cinema.....ele saiu por cima, e ela chorando, horrivel, com a maquiagem borrada...

Depois disso, 80% das pessoas que ele conhecia, não iam com a cara dele. Ele não pagava mais pau para quem ele não conhecia, muito menos para as mulheres. Aprendeu que todas elas gostam de ser pisadas de vez em quando, e que ser legal de mais, pode não ser a melhor saida.

E o melhor de tudo, foi o trato que eu e ele fizemos. no ano de 2060, quando nós dois tivermos a beira dos 75 anos, vamos ver o cometa Halley passar, sentados no ninho das águias, apreciando uma coca geladinha e um back, relembrando historias como esta e dando risada das situações do mundo. Querendo voltar no tempo e ter feito muito mais festa e aprontado muito mais que fizemos até agora.