Anão Novo
Tudo parecia silencioso demais. Levantei-me do sofá, em busca de algo estranho que poderia estar acontecendo. Nessas horas, qualquer ruído natural parece indicar a presença de alguém. O vento na janela, ou esses barulhos estranhos que uma casa antiga tem.
Botei água na chaleira e voltei para o sofá.Não fazia um minuto, quando ouvi:
-Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
A água ferveu. Foi estranho demais, e eu realmente fiquei preocupado.Desliguei o fogão, e preparei o café. Meio trêmulo, acendi um Malboro.Liguei a TV, e estava passando um filme de terror antigo.Que merda, logo agora.Desliguei e botei um vinil do Cascavelletes.
Pulei do sofá quando vi um vulto na sala. Era pequeno.Mas muito pequeno.Tinha uns 30 centímetros, e me lembrava uma figura conhecida.Fiquei atônito, completamente paralisado.Gritei quando deixei cair toda xícara de café na perna esquerda.
-PUTA QUE PARIU QUE MEEEEERDA!!!!!!!!!!!!
Ele não demonstrou reação alguma. Eu tinha que dizer algo:
-Quem é você?
-Eu? - ele disse, coçando a barbicha que tinha o tamanho dos pelos do meu suvaco, mas para ele eram extremamente grandes - Sou apenas um viajante, mas por um momento fui atraído por esse som fascinante, e resolvi aparecer por um instante.
-Cascavelletes? é do caralho mesmo, essa música então...Lobo da estepe é foda
Percebi que era uma conversa normal demais para uma situação tão estranha. Não é todo dia que se conversa sobre música, com um carinha barbudo do tamanho de uma régua.Eu, por um momento, tinha esquecido do café derramado.Mas não queria virar as costas para aquela figura.Por mais pequeno que ele fosse, tinha algo tenebroso.Tentei descobrir algo mais:
-Mas, e o que tu tá fazendo aqui?
Ele coçou a barba mais uma vez, tirou o chapéu estranho que usava, e tirou de lá um baseado fininho.Deu uma ajeitada, e acendeu com um mini isqueiro.Onde ele arranjou um mini isqueiro?
-Eu sempre estou aqui, acolá, na tua casa ou onde quer que tu vá
Aquele jeito de falar rimado me irritava um bocado(você também não fica irritado?).Além disso, ele não dizia nada com nada.Mas me chamou a atenção, o fato de ele dizer que estava sempre onde eu ia.
-E porque tu me segue?
Ele deu uma risada, engasgada na fumaça, e estava virando as costas para ir embora
-Peraí seu toco de amarra bode! Tu acha que é assim? Aparece na minha frente, e vai sem dar explicação?
Ele não deu bola e saiu da sala.Fui atrás mas não consegui encontrá-lo.Voltei coçando a cabeça, encucado.Foi algo surreal. Sentei de novo e fiquei escutando Cascavelletes.De repente, ele voltou:
-Desculpe-me, mas eu preciso pedir, vais passar a virada de ano sozinho?
Nossa, eu nem fazia idéia que era 31 de dezembro.O ano passou tão rápido, trabalhei tanto que nem percebi o natal direito.Eu realmente estava sozinho.Não combinei nada com a família, os amigos acho que foram pra praia.
-Ué, de repente não tá mais falando com rimas?
-Quando eu fico chapado, perdo essa habilidade...-
Ele riu, e saiu de novo.Voltou com um mini violão.Com algum esforço, tirou da tomada o fio da vitrola. Pulou no sofá e começou a tocar.Olhei para tudo isso com uma certa admiração.Ele iria fazer companhia para mim.Tocou no violão, e eu percebi quem era, vivendo louco a sanidade, o Poeta Ventania de 30 cm.Era uma excelente companhia.
Fiz um strognoff cheio de champignon, uma salada de ervas finas, e um chá.Brindamos à saúde, à paz e à felicidade.Condenamos a hipocrisia humana.A miséria.A violência e todos os outros males, desejando que isso diminua no ano de 2008.Não acredito que isso aconteça, mas é que a refeição nos causou uma espécie de indigestão, e estávamos um pouco fora do normal.
Mas ele disse, que fará sua parte no mundo das pessoas de 30 cm, e eu farei a minha.
FELIZ 2008 À TODOS
PAZ
ESPERANÇA
ALEGRIA
APROVEITEM A VIDA.PRINCIPALMENTE AS COISAS PEQUENAS.ELAS SÃO MAIS REAIS DO QUE QUALQUER OUTRA COISA.
VEJA O NASCER DO SOL
RIA COM OS AMIGOS
TOME BANHO DE RIO
Foi o que eu mais aprendi esse ano.Curti diversos desses momentos.Não dei valor para as coisas grandiosas e raras.Observei as coisas que acontecem todos os dias, e passei a admirá-las.
Escritor da Zona
Botei água na chaleira e voltei para o sofá.Não fazia um minuto, quando ouvi:
-Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
A água ferveu. Foi estranho demais, e eu realmente fiquei preocupado.Desliguei o fogão, e preparei o café. Meio trêmulo, acendi um Malboro.Liguei a TV, e estava passando um filme de terror antigo.Que merda, logo agora.Desliguei e botei um vinil do Cascavelletes.
Pulei do sofá quando vi um vulto na sala. Era pequeno.Mas muito pequeno.Tinha uns 30 centímetros, e me lembrava uma figura conhecida.Fiquei atônito, completamente paralisado.Gritei quando deixei cair toda xícara de café na perna esquerda.
-PUTA QUE PARIU QUE MEEEEERDA!!!!!!!!!!!!
Ele não demonstrou reação alguma. Eu tinha que dizer algo:
-Quem é você?
-Eu? - ele disse, coçando a barbicha que tinha o tamanho dos pelos do meu suvaco, mas para ele eram extremamente grandes - Sou apenas um viajante, mas por um momento fui atraído por esse som fascinante, e resolvi aparecer por um instante.
-Cascavelletes? é do caralho mesmo, essa música então...Lobo da estepe é foda
Percebi que era uma conversa normal demais para uma situação tão estranha. Não é todo dia que se conversa sobre música, com um carinha barbudo do tamanho de uma régua.Eu, por um momento, tinha esquecido do café derramado.Mas não queria virar as costas para aquela figura.Por mais pequeno que ele fosse, tinha algo tenebroso.Tentei descobrir algo mais:
-Mas, e o que tu tá fazendo aqui?
Ele coçou a barba mais uma vez, tirou o chapéu estranho que usava, e tirou de lá um baseado fininho.Deu uma ajeitada, e acendeu com um mini isqueiro.Onde ele arranjou um mini isqueiro?
-Eu sempre estou aqui, acolá, na tua casa ou onde quer que tu vá
Aquele jeito de falar rimado me irritava um bocado(você também não fica irritado?).Além disso, ele não dizia nada com nada.Mas me chamou a atenção, o fato de ele dizer que estava sempre onde eu ia.
-E porque tu me segue?
Ele deu uma risada, engasgada na fumaça, e estava virando as costas para ir embora
-Peraí seu toco de amarra bode! Tu acha que é assim? Aparece na minha frente, e vai sem dar explicação?
Ele não deu bola e saiu da sala.Fui atrás mas não consegui encontrá-lo.Voltei coçando a cabeça, encucado.Foi algo surreal. Sentei de novo e fiquei escutando Cascavelletes.De repente, ele voltou:
-Desculpe-me, mas eu preciso pedir, vais passar a virada de ano sozinho?
Nossa, eu nem fazia idéia que era 31 de dezembro.O ano passou tão rápido, trabalhei tanto que nem percebi o natal direito.Eu realmente estava sozinho.Não combinei nada com a família, os amigos acho que foram pra praia.
-Ué, de repente não tá mais falando com rimas?
-Quando eu fico chapado, perdo essa habilidade...-
Ele riu, e saiu de novo.Voltou com um mini violão.Com algum esforço, tirou da tomada o fio da vitrola. Pulou no sofá e começou a tocar.Olhei para tudo isso com uma certa admiração.Ele iria fazer companhia para mim.Tocou no violão, e eu percebi quem era, vivendo louco a sanidade, o Poeta Ventania de 30 cm.Era uma excelente companhia.
Fiz um strognoff cheio de champignon, uma salada de ervas finas, e um chá.Brindamos à saúde, à paz e à felicidade.Condenamos a hipocrisia humana.A miséria.A violência e todos os outros males, desejando que isso diminua no ano de 2008.Não acredito que isso aconteça, mas é que a refeição nos causou uma espécie de indigestão, e estávamos um pouco fora do normal.
Mas ele disse, que fará sua parte no mundo das pessoas de 30 cm, e eu farei a minha.
FELIZ 2008 À TODOS
PAZ
ESPERANÇA
ALEGRIA
APROVEITEM A VIDA.PRINCIPALMENTE AS COISAS PEQUENAS.ELAS SÃO MAIS REAIS DO QUE QUALQUER OUTRA COISA.
VEJA O NASCER DO SOL
RIA COM OS AMIGOS
TOME BANHO DE RIO
Foi o que eu mais aprendi esse ano.Curti diversos desses momentos.Não dei valor para as coisas grandiosas e raras.Observei as coisas que acontecem todos os dias, e passei a admirá-las.
Escritor da Zona