sábado, junho 20, 2009

Banda Bancarrota

Há alguns meses, eu, o Renan, o Mino e o Jax nos juntamos pra formar uma banda. Eu e o renan já tínhamos algumas experiências (musicalmente falando) em conjunto. Os shows da dupla no Putz Bart, tinham sempre uma temática.
Primeiramente, num dia frio de 19 de maio, trajando o que julgávamos no momento a vestimenta do indígena brasileiro (um calção de futebol anos oitenta e tinta pelo corpo), fizemos uma homenagem ao dia do índio. Acho que tinha umas 15 pessoas. Não sei se eles gostaram. Mas eu me diverti pra caralho.
Depois, no dia 20 de dezembro, saiu o especial de Natal. Eu estava vestido de Jesus, e o Renan de Judas. Não me perguntem o que Judas tem a ver com o Natal, porque na verdade não importa. Algumas pessoas disseram que foi de mal gosto. Mas o nosso humor costuma ser sempre um tanto contraditório.
Acho que esse humor, nos une na Banda Bancarrota. O próprio nome tem um pouco disso. É uma piada interna, que só nós entendemos.O jax e o mino, membros da Piazitos Muertos, juntaram-se a nós como um projeto alternativo. As letras da banda costumam ter o humor contraditório.
No último final de semana, no Putz Bar (é sempre no putz bar), o expert auto-didata em sonorização Adolfo, nos ajudou a gravar algumas músicas próprias. O matias participou com sua gaita. Foi muito bom. O resultado disso, está nesse link:

http://www.easy-share.com/f/1326007963/Bancarrota

Claro. Não é uma gravação de estúdio. Mas o adolfo conseguiu fazer milagre com o que tinha. É só baixar. Ninguém será preso. Se não gostar, deleta. Se gostar, passe adiante.

sábado, junho 13, 2009

Fazia um bom tempo que eu não conversava com o Fernando (aquele cara do livro roubado). Nessa semana, nos encontramos por acaso, e conseguimos bater um papo.

Todos que assim como eu, gostam de ler Bukowski, mantêm comigo uma relação que gosto de definir como peculiar. O Fernando é um desses caras.

Nossos papos nunca duraram muito, em meio a correria dos corredores da Unisinos e da vida, mas sempre sai uma boa conversa. Falamos sobre a vida, sobre escrever, sobre ler Bukowski, Fante, essas coisas. O papo termina num consenso de que qualquer hora dessas devemos marcar uma cerveja por aí. E assim, cada um segue seu rumo.

Eu estava dizendo para ele, que faz um bom tempo que não leio livros que não são da psicologia (bem, não como antigamente), e tenho me dedicado mais aos estudos. Mas isso me traz uma limitação criativa.

O fato é que minha vida anda bastante diferente, e eu não escrevo mais sobre isso. Há dois ou três meses atrás, não imaginava que estaria vivendo como estou agora. Morando sozinho em São Leopoldo, cortei a barba, o cabelo, comprei um tênis de marca, larguei alguns vícios e adquiri outros. São coisas que me fizeram pensar.

Eu estava na fila enorme de uma lotérica para pagar parte do aluguel. Comecei a observar as pessoas. Naquele dia, a pálpebra do meu olho direito estava com algum problema, pois ficava tremendo e aquilo me deixava extremamente irritado. Eu me sentia desconfortável e inquieto. As pessoas também estavam assim.

A maneira que os funcionários desses locais falam, as placas, os avisos, me lembram uma linguagem informatizada. Tudo é dito de uma maneira extremamente objetiva e clara, como um comando de computador que não pode ter erros ou informações desnecessárias. Uma linguagem binária.

dinheiro ou cheque?

a vista ou a prazo?

sim ou não?

Caixa destinado a gestantes e idosos

Caixa exclusivo para JOGOS

- Senhor. Pode passar.

Chegou a hora de ser atendido. A funcionária nem me olhou no rosto e por um instante, vacilei. Por trás daquele vidro, ela estava sentada, fazendo seu trabalho, "vivendo sua vida". Que espécie de vida ela tinha? Era casada, solteira, lésbica, santa? Quais os seus sentimentos, seus desejos, suas perspectivas?

- Senhor, a fila está andando.

- Desculpe. Gostaria de efetuar um pagamento.

-...

-...

- São R$ 94, 47.

- Sim.

- O senhor não terias R$ 0, 50?

- Não.

- Muito obrigada e uma boa tarde.

- Obrigado. Bom trabalho.

Voltei para casa e me senti vazio. Acho que isso tem um pouco a ver com a mudança. Ou com outros sentimentos. Ou com a funcionária da lotérica. Ela tinha olhos bonitos. Será que ela lia Bukowski?