domingo, maio 27, 2007

Planeta Atlantida, coca-cola, UNderberg, Vodka...

Planeta Atlântida bombando, começando a anoitecer e muita, mas muuuuuita gente. Todos aguardando o tão falado show do Fat Boy Slim. Psy-trance na moda e o e-planet bombando. Pessoas dos mais variados tipos, desde os fritos, passando pelas patricinhas com suas calças embaladas a vácuo, leia-se, calças da Brasil Sul e as pessoas normais. Os marginais também, que roubaram o ano inteiro para sobrar alguma coisa e eles conseguirem ir roubar dentro do Planeta, os bomba-trance acompanhados de suas namoradas gostosas, é claro. Havia também os que realmente curtiam a música, independente de quem estava a sua volta, mas esses eram a grande minoria. E claro, os que nem sabiam o que realmente estavam fazendo lá, mas como é moda, estavam lá.

Mas o interessante são aquelas pessoas que não perdem o Planeta por nada nesse mundo, mas nada mesmo. Faça chuva, sol, graniso, temporal, dor de barriga e elas sempre estão lá. Até com dor de barriga, como o Pedrinho. Ele e seu amigos curtiam uma boa música, estavam lá para ver Marcelo D2, skank, Jota Quest e claro, Fat Boy Slim. Mas nem sempre tudo é flores.

Pedrinho e seus amigos foram somente no sábado quando havia a maioria dos shows que eles queriam assistir e claro, Fat Boy Slim. E na sexta-feira, para não ficar sem fazer nada, sairam, foram a um barzinho ali na praia mesmo, muita gente, muita mulher bunita, muito de tudo, inclusive bebida. Descobriram uma bebida, tinha cor de coca-cola, gosto de olina e tamanho de copo de chopp. A receita era fácil:

1 dose de underberg

1 dose de vodka

completa com coca cola e gelo.

O gosto era bom, mas Pedrinho mal sabia do que poderia acontecer no dia seguinte, não sabia mesmo. Bebeu, bebeu, bebeu que parecia um doido. Saiu do bar costurando a calçada amparado pelos colegas.Sábado, dia de Planeta, Fat Boy Slim, e aquela coisa toda. Ressaca pegando, vários litros de água, vários tylenol para dor de cabeça. Mas nem era de se preocupar muito, uns minutos mais já estava no mercado comprando vodka e refrigerante para tomar do lado de fora do Planeta enquanto os portões não abriam. Bebida vai, bebida vem, conversa vai, conversa vem, muita gente começando a se aglomerar nos portões e Pedrinho e seus amigos bem tranquilos terminando a garrafa de vodka e juntando dinheiro para comprar outra, afinal nem tinha graça entrar logo que abria pois não tinha nada. Vodka continua indo e vindo, junto com a conversa. Vontade de ir no banheiro até então era normal.

Tarde caindo, hora de entrar. Várias tendas já estavam lotadas, incluindo o e-planet. Show do D2 já estava para começar e como todo bom fã, Pedrinho queria ir lá na frente. Pobre dele, não sabia das consequencias que isso poderia trazer. O show já estava quase na metade, Pedrinho não parava de pular, até que o único momento em que ele parou um pouco e se desconcentrou, veio uma enorme dor de barriga. Teve se ajoelhar no chão de tanta dor. Não tinha escolha, tinha que ir no banheiro, leia-se, aqueles pipi móvel que sempre tem. Começou a abrir espaço entre a multidão com um braço, e o outro ele segurava firme na camiseta na tentativa frustrada de tentar esquecer que precisava ir no banheiro. Suava frio nas mãos, estava todo arrepiado pensando na possibilidade de não conseguir se controlar até chegar ao "banheiro". Tropeçava e esbarrava em todo mundo, antes de conseguir sair da multidão quase apanhou umas 3 vezes dos bombados que estavam no caminho. Saiu da algomeração de pessoas tropeçando e quase caindo, quando olhou pra frente se deu conta " CARALHO, onde é a porra do banheiro???". Seguiu em frente, andava com as pernas bem fechadas, contraia a bunda ao máximo, pois se pensasse em caminhar normalmente, a merda escorreria.

Avistou de longe alguma coisa retangular, grande e azul. Deduziu que eram os tais pipi-móveis que ele tanto queria no momento. Antes de chegar até lá, já viu a fila para o uso dos mesmos, e então, muito indignado, ele pensou " PUTA QUE PARIU, vocês são homens, vão mija no muro seus infelizes, deixa quem realmente precisa usar essa merda." Chegou lá, foi na fila que tinha menos gente, impaciente, olhava para os lados, andava para frente e para trás, o negócio já estava cutucando a cueca, ele segurava com uma mão o saco, e com a outra apertava firma sua camiseta. E ainda pensava "Aaaai que meeeerda, da onde veio isso agora? só pode se....aaah sei lá que que pode se, só quero i no banhero, logo...". Numa tentativa frustrada de tentar aliviar a barriga e soltar um pum, ele molha as cuecas. Junto com as cuecas molhadas e quentinhas, uma cara de nojo e quase uma ânsia de vômito. Já com cara de frustração e as cuecas sujas ele entrou no pipi-movel com um pouco mais de 1m² na tentativa da dor de barriga passar e ele pensar em alguma coisa para se limpar, tanto a bunda quanto a roupa e ainda ver o que faria com a cueca.Já sabia que lá dentro não havia papel higiênico, portanto, como ele era muito repvinido, encheu-se das bandanas que eram distribuidas nas tendas e lá na hora foi por ordem de eliminação "Aaaah, essa aqui da ipiranga é roxa, feia, vai fica marrom agora", poderia ter usado as meias também, mas elas estavam tão sujas de areia que além de doer, iria sujar mais ainda e ficaria tudo grudado, se é que vocês me entendem.

Mais de hora dentro da tal cabinezinha, muitas batidas na porta de pessoas que provavelmente estavam na mesma situação que Pedrinho, depois de comerem o Xis Morte que tem lá para vender ou o Cachorro-quente do rosário, que até daria para levar o nome da comida ao pé da letra...Muito mais aliviado agora, Pedrinho se recompôs, sai da dita cuja casinha do banheiro, olhou para os lados, ajeitou a bermuda e comprou uma coca-cola e foi para a multidão novamente.

Chegando lá seus amigos mais do que preocupados com o sumisso repentino de Pedrinho perguntaram :

- Eia, até que enfim meu...onde tu tava??

- Ah, fui da uma volta e achei uma mina lá...

- Achei que tinha ido na banheiro pra usa as bandanas....

Então Pedrinho se deu conta que só havia restado q bandana da Renner na cabeça e a da Skol no pulso...

- Na na, a guria pego as otras...bem loka.....

Acreditaram, meio que sem acreditar, mas acreditaram. Agora era só aproveitar o resto do Planeta, sem cueca e com a sensação do cheiro de merda estar empregnado no seu corpo. Por onde passava as pessoas abriam espaço para que o cheiro de merda passasse o mais rápido possivel.

sábado, maio 19, 2007

A vida como ela deve ser.

Retirado do perfil do Amigo André Urban Kist, vulgo, Dé.
Abraço pra ti cara.

"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão
de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase
amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que
se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita
mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos
sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase
que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os
dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o
vazio que cada um traz dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida
da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores
impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça
de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Texto de Luis Fernando Veríssimo