Uma vida
Não tinha nascido prematuro. Mas por conta disso, logo que fez o exame do pezinho, aquele que todos fazem para assegurar que está tudo certo com o nenê, eis que vem a surpresa:
RESULTADO POSITIVO PARA FENILCETONÚRIA.
A tal da Fenilcetonúria é hereditária e se caracteriza pela falta de uma enzima em maiores ou menores porporções, impedindo que o organismo metaboliza e elimine o aminoácido fenilalanina( aquele que tem nos refrigerantes também ). Este, em excesso no sangue é toxico, atacando principalmente o cérebro e causando deficiência mental. Geralmente o portador desta doença tem PELE CLARA, CABELOS LOIROS E RALOS E OLHOS AZUIS.
Os pais se entre olharam, a mãe já com lágrima nos olhos cai nos braços do marido tentando descobrir o motivo da doença já que em nem em sua família nem na de seu marido havia vestígios de algo parecido com isto.
Olhavam para o bebê na sala da maternidade do hospital através do vidro que a separava do corredor do hospital, no centro de Caxias do Sul. Passado um mês refizeram o exame, eles ainda não acreditavam no resultado, alguma coisa deveria estar errado. Desta vez levaram-no para um hospital na capital e refizeram o exame. E para surpresa do mesmo...
RESULTADO NEGATIVO PARA QUALQUER ANORMALIDADE.
Suspiraram e deram graças à Deus, afinal, se algo da certo a moral é dele, se não dá, a culpa é de quem fez errado.
E assim saíram de volta a sua cidadezinha no interior do estado. Não que fosse bem interior, mas aquela cidade de decendência alemã, pequena e acolhedora era realmente boa pra criar seu filho.
E assim passaram-se mais alguns meses, ano novo carnaval. Quando ele tinha 10 meses, sua mãe notou que seu olho esquerdo estava meio ressecado, hesitou em levá-lo ao médico, mas no dia seguinte, quando ja havia criado uma casca em volta de seu olho, foi direto ao pediatra. Foi diagnosticado uma pequena obstrução no canal lacrimal do bebê, que acarretava no ressecamento do olho uma vez que as lágrimas não chegavam ao olho para mantê-lo úmido até o outro dia quando seria feita a cirurgia. Não tinha completado nem seu primeiro ano neste mundo quando faria sua primeira cirurgia.
Chegando no hospital, em jejum é claro, foi logo para a enfermagem. A enfermeira tirou sua roupa e colocou-lhe um avental azul, tamanho adulto e lá ficou junto de sua mãe parencendo um anjinho enrolado no avental com seus cabelos cacheados. Assim que o médico chegou e levou-o para a sala de cirurgia ele levantou a mão e esboçou um asceno para a mãe, que se derreteu em lágrimas, afinal ele tinha 10 meses, não sabia falar, mas sabia o que estava acontecendo. Para quem a princípio tinha deficiência mental, até que ele não era tão burro assim.
Mais tarde, já na CTI do hospital, sua mãe traz uma maçã para ele comer, uma vez que seu corpo rejeitava tudo que vinha da vaca, ou seja, leite, iogurte, queijo, pão de leite, bolachas, qualquer coisa que tivesse o tal do leite, fazia o vomitar sangue e o raio.
Um primeiro ano de vida um tanto quanto conturbado para uma criança que a princípio era deficiente mental, deveria ter nascido branco de olhos azuis e loiro mas nasceu moreno com cabelo e olhos castanhos.
Um bom tempo depois, quando já resmungava algumas palavras, e comia de tudo, estava ele na sala de sua casa, olhando TV, mais específicamente Pica-Pau e comendo um pedaço de polenta crua. É, polenta crua mesmo, as vezes ele dava sinal de uma pequena demência mental em certas coisas, mas nada muito preocupante. Sua mãe, na cozinha fritando as polentas como deveriam ser comidas, escuta um barulho esquisito, como se alguém estivesse vomintando, sufocando ou se ENGASGANDO. Não deu 5 segundos para o berreiro começar. E chorava alto ainda aquela criança, seus pulmões davam indicios que ele seria um ótimo corredor tamanha sua força para gritar. Sua mãe desesperada, tanta acalmá-lo em vão, pega o carro e o leva para o hospital da cidade. Chegando lá, explica ao médico que o filho havia se engasgado com alguma coisa, provavelmente o pedaço de polenta crua que estava comendo. O médico reluta em acreditar, já que se fosse realmente um pedaço de polenta, ele ja teria se dissolvido. O médico examinou, examinou e não encontrou nada. Sairam de lá, andaram mais de 100km pela cidade tentando acalmar a criança, mas nada. Ela continuava chorando. Chegaram em casa tarde da noite já e sua mãe nem seu pai aguentavam escutar seu choro, foi quando sua mãe sentenciou:
- Pára de chora guri, eu vo pra cama. - virou-se e foi embora...
Chegando no seu quarto, assim que tinha deitado, escutou o mesmo barulho que havia escutado no mesmo dia. Mas agora as coisas se inverteram, em vez de escutar o tal barulho e a criança começar a chorar, como havia acontecido na hora do meio dia, escutou o mesmo barulho, mas não escutou mais o choro. Foi quando sua porta abriu lentamente com seu filho que mal batia com a cabeça no trinco da porta, com uma mão junto ao peito e uma cara de choro, balbuciou:
- Mamãe....
E mostrou-lhe o crusifixo que ele haviam engolido quando colocou-o na boca junto com o pedaço de polenta crua que sua mãe lhe deu.
Depois de mais esta façanha, em seus curtos dois anos de vida, começou finalmente a levar uma vida normal. Seus pais se separaram, mas ele era muito pequeno para entender tudo, só sabia que um final de semana ficava com sua mãe e outro com seu pai, mas morava durante a semana com sua mãe. Ele foi crescendo, sua mãe trabalhava e deixava ele na creche, voltava a tarde para pegá-lo. Em seu apartamento haviam poucos móveis, uma televisão, um colchão no chão como se fosse um sofá, mas eles eram felizes. Muito felizes. Como não tinham mesa de jantar, sempre faziam pique-nique na hora do almoço e janta. A mãe esticava uma toalha de mesa no chão e ali eles comiam batatas fritas com catchup e tomavam coca-cola. Ele tinha coleção dos bonecos do Cavaleiros do Zoodíaco. Aqueles que vinham com armadura de metal e tudo. Sempre no começo do mês quando sua mãe recebia ele ganhava um. Ela trabalhava em outra cidade e de manhã ficava na creche e a tarde ficava com sua avó e sua tia.
Quando tinha uns sete anos mais ou menos, sua mãe começou a namorar um cara. Ele apenas aceitou, era tudo muito complicado para alguém que a princípio era para ser deficiente mental. Um tempo depois, eles eram uma família. Esse cara, deu de presente o seu primeiro video-game. Um super nintendo, com dois controles e três jogos. Assim que abriu o embrulho e viu um desenho do Super Mario na frente, pulou como um gato que foge da água no pescoço do seu padrasto, que ele chamava tranquilamente de pai. Mais uns meses eles estavam indo para as suas primeiras férias juntos. Em canasvieiras um bairro de Florianópolis. Mas para ele, canasvieiras era uma outra cidade dentro de Florianópolis, devido a distância do centro da cidade até lá. O hotel era muito legal, com piscina e o tal do elevador. Estavam chegando da praia e ele fez uma aposta:
- Eu aposto que chego la em cima mais rápido que vocês.
E seu pai respondeu:
- Então quero ver. - e fingiu que iria sair correndo.
Ele, muito esperto tinha visto que o elevador estava aberto...correu para dentro dele, fechou a porta e apertou o botão do segundo andar. Chegando lá em cima, o elevador saia exatamente do lado da escada. Mal abriu a porta e saiu correndo, pois viu que seus pais já estavam alguns passos a frente. Correu, correu e se fodeu. Não tinha lembrado que para ir ao seus apartamento ele tinha que fazer uma curva e também não tinha visto a placa amarela de " piso escorregadio". Quando se deu conta já estava deslizando no piso molhando e indo de encontro a esquina da parede. Dito e feito, uma perna para cada lado da parede e adivinhem......"os documentos" no meio delas. Foi como um saco de bosta. Bateu na parede e caiu para trás aos prantos. Seu pai correu atrás, o pegou no colo, FEZ A CURVA, que ele havia esquecido de fazer e levou-o para o apartamento. Abriu o freezer e NADA DE GELO. Foi então que pegou uma latinha de SKOL e colocou em sua virilha. Uns quinze minutos depois, quando já estava mais calmo ele pediu:
- E-Eu, a-a-ainda vo consegui faze xixi????
Sua mãe para acalmá-lo disse:
- Claro filho, claro...
Apesar da falta de móveis em seu apartamento, sua mãe consegui lhe pagar uma escola particular e não deixar nada faltar em casa, fora os móveis é claro.
E assim continuou sua vida, teve uma tentativa frustrada de mudar-se de colégio, ficou um mês e voltou ao que estudava. Até que para alguém que era para estar na APAE e não no colégio, ele se saia bem. Não era o aluno nota 100000 que toda mãe quer, mas aguentava as pontas no 7, 7.5
Lá pelos 10 anos começou a se interessar pelos esportes. Tentou o futebol, era uma negação. Foi para o vôlei e acertou. Estava na categoria pré-mirim e já treinava com os da categoria infantil. Ou seja, ele tinha 10 anos e treinava com guris de 14 15. Tá certo que na maioria das vezes ele era o alvo a ser atingido nos jogos, mas foi ali que viu que realmente gostava do negócio. Ao longo de suas 53 medalhas, duas foram do futebol, umas 6 talvez de atletismo e o resto de vôlei. Seu time ganhava vários campeonatos, ele tinha vários amigos, tanto na sua escola como fora, que eram os que ele conhecia nos campeonatos. Era ele o mascote do time. Ele que levava as bolas, a água. o uniforme. mas não reclamava, pois estava duas categorias acima, mas quando ele jogava com os da sua idade, ai sim, as coisas mudavam. Ele era o capitão e literalmente " o cara ", devido a sua experiência nas categorias mais altas. Tentou a sorte num time de universidade. Tentou e conseguiu. Ficou alternando os treinos em sua cidade e na cidade vizinha junto com dois colegas durante um ano. Foi então que surgiu a paixão por veículos de duas rodas, leia-se, bicicletas. Mas não eram bicicletas comuns, eram de Downhill, muito mais caras que as normais.
Agora então além de jogar vôlei, andava de bicicleta. Foi montado a sua aos poucos, com mais dois caras que também queriam começara andar. Pode - se dizer tranquilamente que ele e seus amigos foram os precursores das " bicicletas que pareciam motos" na sua cidade. Mais tarde, num verão qualquer, pegou uma raquete de tênis e foi ver qual que era a do esporte. Agora ele tinha uns 12 anos, talvez 13. Definitivamente, a habilidade que ele não tinha nos pés, tinha nas mãos. Levava jeito pro tênis também. Começou a fazer treinos, mas com o passar do tempo eles foram ficando caros. Foi quando ele cogitou a possibilidade de desistir e seu professor negou até a morte que ele desistisse. Ele tentava argumentar que não tinha dinheiro para pagar as aulas que as coisas estava dificieis de conciliar a bicicleta com o vôlei e agora o tênis. Então seu professor simplesmente não lhe cobrava mais mensalidade. Ele treinava de graça. Podia treinar todos os dias se quisesse, tamanha era a confiança do técnico no guri. Mas isso durou apenas alguns meses ainda até ele desistir de verdade.
Até então estava inteiro, na bicicleta quebrou seu braço e no vôlei seu pé, que tem uma bela e divertida hisória para contar, basta clicar aqui. Nunca foi o garanhão entre as menininhas. Apesar dele conhecer todos e todos o conhecerem, era tímido. O que poderia ser visto como uma coisa boa ou não. Boa para as meninas que achavam isso " bunitinho" ruim para ele que apesar de brincalhão nunca deu jeito de arrumar uma namorada. Até trocou uma quase possível namorada por sua bicicleta, como? é só clicar aqui.
Foi na sétima série que conheceu seus amigos de verdade. Primeiro eram ele e mais três, ai passaram a ser ele e mais quatro e hoje são seis. Ele tranquilamente poe a mão no fogo por qualquer um deles, e a confiança é total. É uma coisa muito legal, porquen independente da distância, a amizade continua a mesma.
Fizeram muitas coisas junto. Ele mesmo tinha história para vender e ficar rico. Podia contar da vez que tinha colocado fogo no mato da cidade junto com seus vizinhos, ou das muitas vezes que fugiram da polícia com sua garele de R$30 comprada em sociedade também com os vizinhos, que até hoje se falam. Ou então da tão falada viagem para a Argentina com a turma do terceirãoFizeram muitas coisas junto. Ele mesmo tinha história para vender e ficar rico. Podia contar da vez que tinha colocado fogo no mato da cidade junto com seus vizinhos, ou das muitas vezes que fugiram da polícia com sua garele de R$30 comprada em sociedade também com os vizinhos, que até hoje se falam. Ou então da tão falada viagem para a Argentina com a turma do terceirão
Foi crescendo, jogando vôlei, se destacando, mas até então só nos esportes, na aula continuava guentado as pontas num 6.5 7. Quando ia se formar na escola, seus pais decidem se mudar. Ele contraria tudo e a todos. Mas acaba cedendo. Termina seu ensino médio e vai junto com os pais. Começa na faculdade. Depois a trabalhar. Ai ganha uma tal de Olimpíada do Conhecimento. Continua a trabalhar e hoje, aquele que a princípio era para ser deficiente mental e estudar na APAE, hoje faz faculdade de Tecnologia em Automação Industrial e ganha pago para estudar e representar o estado de SC na etapa nacional da tal da Olimpíada. Hoje ainda tem gente que na primeira vista, com aquele óculos e o cabelo bagunçado, o chama de nerd. Mas como ele mesmo diz, nerds não têm tatuagens, quiçá duas, uma na perna e outra no braço; não saem para festas; não sabem conversar; tem fobia a lugares com muita gente e não são engraçados e sarcásticos e muito menos ainda, gostam de musica eletrônica, que as vezes faz ele passar também por drogado.
Ah, e ele também gosta de escrever, tem um blog com um nome meio esquisito que compartilha com um amigo. http://nikieseubone.blogspot.com . Visitem, vale a pena. No último post, ele conta a história da sua vida.
RESULTADO POSITIVO PARA FENILCETONÚRIA.
A tal da Fenilcetonúria é hereditária e se caracteriza pela falta de uma enzima em maiores ou menores porporções, impedindo que o organismo metaboliza e elimine o aminoácido fenilalanina( aquele que tem nos refrigerantes também ). Este, em excesso no sangue é toxico, atacando principalmente o cérebro e causando deficiência mental. Geralmente o portador desta doença tem PELE CLARA, CABELOS LOIROS E RALOS E OLHOS AZUIS.
Os pais se entre olharam, a mãe já com lágrima nos olhos cai nos braços do marido tentando descobrir o motivo da doença já que em nem em sua família nem na de seu marido havia vestígios de algo parecido com isto.
Olhavam para o bebê na sala da maternidade do hospital através do vidro que a separava do corredor do hospital, no centro de Caxias do Sul. Passado um mês refizeram o exame, eles ainda não acreditavam no resultado, alguma coisa deveria estar errado. Desta vez levaram-no para um hospital na capital e refizeram o exame. E para surpresa do mesmo...
RESULTADO NEGATIVO PARA QUALQUER ANORMALIDADE.
Suspiraram e deram graças à Deus, afinal, se algo da certo a moral é dele, se não dá, a culpa é de quem fez errado.
E assim saíram de volta a sua cidadezinha no interior do estado. Não que fosse bem interior, mas aquela cidade de decendência alemã, pequena e acolhedora era realmente boa pra criar seu filho.
E assim passaram-se mais alguns meses, ano novo carnaval. Quando ele tinha 10 meses, sua mãe notou que seu olho esquerdo estava meio ressecado, hesitou em levá-lo ao médico, mas no dia seguinte, quando ja havia criado uma casca em volta de seu olho, foi direto ao pediatra. Foi diagnosticado uma pequena obstrução no canal lacrimal do bebê, que acarretava no ressecamento do olho uma vez que as lágrimas não chegavam ao olho para mantê-lo úmido até o outro dia quando seria feita a cirurgia. Não tinha completado nem seu primeiro ano neste mundo quando faria sua primeira cirurgia.
Chegando no hospital, em jejum é claro, foi logo para a enfermagem. A enfermeira tirou sua roupa e colocou-lhe um avental azul, tamanho adulto e lá ficou junto de sua mãe parencendo um anjinho enrolado no avental com seus cabelos cacheados. Assim que o médico chegou e levou-o para a sala de cirurgia ele levantou a mão e esboçou um asceno para a mãe, que se derreteu em lágrimas, afinal ele tinha 10 meses, não sabia falar, mas sabia o que estava acontecendo. Para quem a princípio tinha deficiência mental, até que ele não era tão burro assim.
Mais tarde, já na CTI do hospital, sua mãe traz uma maçã para ele comer, uma vez que seu corpo rejeitava tudo que vinha da vaca, ou seja, leite, iogurte, queijo, pão de leite, bolachas, qualquer coisa que tivesse o tal do leite, fazia o vomitar sangue e o raio.
Um primeiro ano de vida um tanto quanto conturbado para uma criança que a princípio era deficiente mental, deveria ter nascido branco de olhos azuis e loiro mas nasceu moreno com cabelo e olhos castanhos.
Um bom tempo depois, quando já resmungava algumas palavras, e comia de tudo, estava ele na sala de sua casa, olhando TV, mais específicamente Pica-Pau e comendo um pedaço de polenta crua. É, polenta crua mesmo, as vezes ele dava sinal de uma pequena demência mental em certas coisas, mas nada muito preocupante. Sua mãe, na cozinha fritando as polentas como deveriam ser comidas, escuta um barulho esquisito, como se alguém estivesse vomintando, sufocando ou se ENGASGANDO. Não deu 5 segundos para o berreiro começar. E chorava alto ainda aquela criança, seus pulmões davam indicios que ele seria um ótimo corredor tamanha sua força para gritar. Sua mãe desesperada, tanta acalmá-lo em vão, pega o carro e o leva para o hospital da cidade. Chegando lá, explica ao médico que o filho havia se engasgado com alguma coisa, provavelmente o pedaço de polenta crua que estava comendo. O médico reluta em acreditar, já que se fosse realmente um pedaço de polenta, ele ja teria se dissolvido. O médico examinou, examinou e não encontrou nada. Sairam de lá, andaram mais de 100km pela cidade tentando acalmar a criança, mas nada. Ela continuava chorando. Chegaram em casa tarde da noite já e sua mãe nem seu pai aguentavam escutar seu choro, foi quando sua mãe sentenciou:
- Pára de chora guri, eu vo pra cama. - virou-se e foi embora...
Chegando no seu quarto, assim que tinha deitado, escutou o mesmo barulho que havia escutado no mesmo dia. Mas agora as coisas se inverteram, em vez de escutar o tal barulho e a criança começar a chorar, como havia acontecido na hora do meio dia, escutou o mesmo barulho, mas não escutou mais o choro. Foi quando sua porta abriu lentamente com seu filho que mal batia com a cabeça no trinco da porta, com uma mão junto ao peito e uma cara de choro, balbuciou:
- Mamãe....
E mostrou-lhe o crusifixo que ele haviam engolido quando colocou-o na boca junto com o pedaço de polenta crua que sua mãe lhe deu.
Depois de mais esta façanha, em seus curtos dois anos de vida, começou finalmente a levar uma vida normal. Seus pais se separaram, mas ele era muito pequeno para entender tudo, só sabia que um final de semana ficava com sua mãe e outro com seu pai, mas morava durante a semana com sua mãe. Ele foi crescendo, sua mãe trabalhava e deixava ele na creche, voltava a tarde para pegá-lo. Em seu apartamento haviam poucos móveis, uma televisão, um colchão no chão como se fosse um sofá, mas eles eram felizes. Muito felizes. Como não tinham mesa de jantar, sempre faziam pique-nique na hora do almoço e janta. A mãe esticava uma toalha de mesa no chão e ali eles comiam batatas fritas com catchup e tomavam coca-cola. Ele tinha coleção dos bonecos do Cavaleiros do Zoodíaco. Aqueles que vinham com armadura de metal e tudo. Sempre no começo do mês quando sua mãe recebia ele ganhava um. Ela trabalhava em outra cidade e de manhã ficava na creche e a tarde ficava com sua avó e sua tia.
Quando tinha uns sete anos mais ou menos, sua mãe começou a namorar um cara. Ele apenas aceitou, era tudo muito complicado para alguém que a princípio era para ser deficiente mental. Um tempo depois, eles eram uma família. Esse cara, deu de presente o seu primeiro video-game. Um super nintendo, com dois controles e três jogos. Assim que abriu o embrulho e viu um desenho do Super Mario na frente, pulou como um gato que foge da água no pescoço do seu padrasto, que ele chamava tranquilamente de pai. Mais uns meses eles estavam indo para as suas primeiras férias juntos. Em canasvieiras um bairro de Florianópolis. Mas para ele, canasvieiras era uma outra cidade dentro de Florianópolis, devido a distância do centro da cidade até lá. O hotel era muito legal, com piscina e o tal do elevador. Estavam chegando da praia e ele fez uma aposta:
- Eu aposto que chego la em cima mais rápido que vocês.
E seu pai respondeu:
- Então quero ver. - e fingiu que iria sair correndo.
Ele, muito esperto tinha visto que o elevador estava aberto...correu para dentro dele, fechou a porta e apertou o botão do segundo andar. Chegando lá em cima, o elevador saia exatamente do lado da escada. Mal abriu a porta e saiu correndo, pois viu que seus pais já estavam alguns passos a frente. Correu, correu e se fodeu. Não tinha lembrado que para ir ao seus apartamento ele tinha que fazer uma curva e também não tinha visto a placa amarela de " piso escorregadio". Quando se deu conta já estava deslizando no piso molhando e indo de encontro a esquina da parede. Dito e feito, uma perna para cada lado da parede e adivinhem......"os documentos" no meio delas. Foi como um saco de bosta. Bateu na parede e caiu para trás aos prantos. Seu pai correu atrás, o pegou no colo, FEZ A CURVA, que ele havia esquecido de fazer e levou-o para o apartamento. Abriu o freezer e NADA DE GELO. Foi então que pegou uma latinha de SKOL e colocou em sua virilha. Uns quinze minutos depois, quando já estava mais calmo ele pediu:
- E-Eu, a-a-ainda vo consegui faze xixi????
Sua mãe para acalmá-lo disse:
- Claro filho, claro...
Apesar da falta de móveis em seu apartamento, sua mãe consegui lhe pagar uma escola particular e não deixar nada faltar em casa, fora os móveis é claro.
E assim continuou sua vida, teve uma tentativa frustrada de mudar-se de colégio, ficou um mês e voltou ao que estudava. Até que para alguém que era para estar na APAE e não no colégio, ele se saia bem. Não era o aluno nota 100000 que toda mãe quer, mas aguentava as pontas no 7, 7.5
Lá pelos 10 anos começou a se interessar pelos esportes. Tentou o futebol, era uma negação. Foi para o vôlei e acertou. Estava na categoria pré-mirim e já treinava com os da categoria infantil. Ou seja, ele tinha 10 anos e treinava com guris de 14 15. Tá certo que na maioria das vezes ele era o alvo a ser atingido nos jogos, mas foi ali que viu que realmente gostava do negócio. Ao longo de suas 53 medalhas, duas foram do futebol, umas 6 talvez de atletismo e o resto de vôlei. Seu time ganhava vários campeonatos, ele tinha vários amigos, tanto na sua escola como fora, que eram os que ele conhecia nos campeonatos. Era ele o mascote do time. Ele que levava as bolas, a água. o uniforme. mas não reclamava, pois estava duas categorias acima, mas quando ele jogava com os da sua idade, ai sim, as coisas mudavam. Ele era o capitão e literalmente " o cara ", devido a sua experiência nas categorias mais altas. Tentou a sorte num time de universidade. Tentou e conseguiu. Ficou alternando os treinos em sua cidade e na cidade vizinha junto com dois colegas durante um ano. Foi então que surgiu a paixão por veículos de duas rodas, leia-se, bicicletas. Mas não eram bicicletas comuns, eram de Downhill, muito mais caras que as normais.
Agora então além de jogar vôlei, andava de bicicleta. Foi montado a sua aos poucos, com mais dois caras que também queriam começara andar. Pode - se dizer tranquilamente que ele e seus amigos foram os precursores das " bicicletas que pareciam motos" na sua cidade. Mais tarde, num verão qualquer, pegou uma raquete de tênis e foi ver qual que era a do esporte. Agora ele tinha uns 12 anos, talvez 13. Definitivamente, a habilidade que ele não tinha nos pés, tinha nas mãos. Levava jeito pro tênis também. Começou a fazer treinos, mas com o passar do tempo eles foram ficando caros. Foi quando ele cogitou a possibilidade de desistir e seu professor negou até a morte que ele desistisse. Ele tentava argumentar que não tinha dinheiro para pagar as aulas que as coisas estava dificieis de conciliar a bicicleta com o vôlei e agora o tênis. Então seu professor simplesmente não lhe cobrava mais mensalidade. Ele treinava de graça. Podia treinar todos os dias se quisesse, tamanha era a confiança do técnico no guri. Mas isso durou apenas alguns meses ainda até ele desistir de verdade.
Até então estava inteiro, na bicicleta quebrou seu braço e no vôlei seu pé, que tem uma bela e divertida hisória para contar, basta clicar aqui. Nunca foi o garanhão entre as menininhas. Apesar dele conhecer todos e todos o conhecerem, era tímido. O que poderia ser visto como uma coisa boa ou não. Boa para as meninas que achavam isso " bunitinho" ruim para ele que apesar de brincalhão nunca deu jeito de arrumar uma namorada. Até trocou uma quase possível namorada por sua bicicleta, como? é só clicar aqui.
Foi na sétima série que conheceu seus amigos de verdade. Primeiro eram ele e mais três, ai passaram a ser ele e mais quatro e hoje são seis. Ele tranquilamente poe a mão no fogo por qualquer um deles, e a confiança é total. É uma coisa muito legal, porquen independente da distância, a amizade continua a mesma.
Fizeram muitas coisas junto. Ele mesmo tinha história para vender e ficar rico. Podia contar da vez que tinha colocado fogo no mato da cidade junto com seus vizinhos, ou das muitas vezes que fugiram da polícia com sua garele de R$30 comprada em sociedade também com os vizinhos, que até hoje se falam. Ou então da tão falada viagem para a Argentina com a turma do terceirãoFizeram muitas coisas junto. Ele mesmo tinha história para vender e ficar rico. Podia contar da vez que tinha colocado fogo no mato da cidade junto com seus vizinhos, ou das muitas vezes que fugiram da polícia com sua garele de R$30 comprada em sociedade também com os vizinhos, que até hoje se falam. Ou então da tão falada viagem para a Argentina com a turma do terceirão
Foi crescendo, jogando vôlei, se destacando, mas até então só nos esportes, na aula continuava guentado as pontas num 6.5 7. Quando ia se formar na escola, seus pais decidem se mudar. Ele contraria tudo e a todos. Mas acaba cedendo. Termina seu ensino médio e vai junto com os pais. Começa na faculdade. Depois a trabalhar. Ai ganha uma tal de Olimpíada do Conhecimento. Continua a trabalhar e hoje, aquele que a princípio era para ser deficiente mental e estudar na APAE, hoje faz faculdade de Tecnologia em Automação Industrial e ganha pago para estudar e representar o estado de SC na etapa nacional da tal da Olimpíada. Hoje ainda tem gente que na primeira vista, com aquele óculos e o cabelo bagunçado, o chama de nerd. Mas como ele mesmo diz, nerds não têm tatuagens, quiçá duas, uma na perna e outra no braço; não saem para festas; não sabem conversar; tem fobia a lugares com muita gente e não são engraçados e sarcásticos e muito menos ainda, gostam de musica eletrônica, que as vezes faz ele passar também por drogado.
Ah, e ele também gosta de escrever, tem um blog com um nome meio esquisito que compartilha com um amigo. http://nikieseubone.blogspot.com . Visitem, vale a pena. No último post, ele conta a história da sua vida.