trem
Entrou no trem, ali na estação unisinos, para ir até o Mercado em POA. Sentou-se, e abriu um livro. Leu por alguns minutos. Guardou o livro de volta na mochila, pegou um pedaço de papel amassado, e começou a escrever.
Depois de um tempo, levantou-se, e começou a andar pelo vagão, lendo em voz alta, o que tinha acabado de escrever:
Depois disso, sentou, e voltou a ler. Após alguns comentários entre os passageiros, o silêncio voltou. Ao menos ninguém riu. Não era pra ser engraçado mesmo! Um outro cara, que estava ali perto, achou aquilo tudo magnífico.
Esse cara, estava lendo uma poesia do velho bukowski, e achou que talvez seria legal ler em voz alta. Ele precisava mostrar que era real. Levantou, e começou a andar pelo vagão, lendo em voz alta:
Dessa vez alguns riram, embora ainda não era pra ser engraçado. O silêncio voltou. Os dois leitores trocaram um olhar, e sentiram uma comprensão mútua naquele momento. Trocaram um sorriso, e voltaram às suas leituras.
Por coincidência, desceram juntos na estação Mercado. As pessoas que acompanharam a cena daquele vagão, pareciam evitá-los.
- hey, cara. muito legal o que você escreveu. e o que você fez.
- obrigado. eu gosto de bukowski. e gostei do que você fez também. mas talvez você ainda seja um personagem da minha cabeça. vamos tomar uma cerveja?
- claro. hey, se eu realmente não for real, como é estar conversando com alguém da tua cabeça?
- legal. mas acho que daí vou ter que eu mesmo pagar a ceva.
- é.
Depois de um tempo, levantou-se, e começou a andar pelo vagão, lendo em voz alta, o que tinha acabado de escrever:
eu estou louco.
vocês são fruto da minha imaginação.
todos!
apenas personagens de uma mente inconformada e confusa,
incapaz de ser curada por qualquer ciência da mente.
incontente com essa falta de realidade.
esses prédios,
essas casas,
vocês.
é tudo uma ilusão.
tudo.
como tudo isso pode ser verdade?
vamos!
digam algo, se vocês são realmente reais!
(pausa dramática)
ora,
foi o que pensei.
transformem-se em algo real e concreto.
confrontem minha imaginação.
ou fodam-se tentando.
Depois disso, sentou, e voltou a ler. Após alguns comentários entre os passageiros, o silêncio voltou. Ao menos ninguém riu. Não era pra ser engraçado mesmo! Um outro cara, que estava ali perto, achou aquilo tudo magnífico.
Esse cara, estava lendo uma poesia do velho bukowski, e achou que talvez seria legal ler em voz alta. Ele precisava mostrar que era real. Levantou, e começou a andar pelo vagão, lendo em voz alta:
Os cavalos cavalgam
Como seus longínquos pensamentos
De quem ri com um
Tolo
Como seus longínquos pensamentos
De quem ri com um
Tolo
Bach e a bomba de hidrogênio
E seus longínquos pensamentos
De quem ri como um
Tolo
E seus longínquos pensamentos
De quem ri como um
Tolo
O sistema bancário
Quebra
Gôndolas em Veneza
E ela com seu seus longínquos pensamentos
De quem ri como um
Tolo
Quebra
Gôndolas em Veneza
E ela com seu seus longínquos pensamentos
De quem ri como um
Tolo
Para você nada é bastante
Ver uma escada antes
(cada passo vendo-te
separadamente)
E por fora
O moleque que entrega jornais vendo
Imortal
Como os carros vão indo embora
Sob o sol
Como inimigos
E você maravilhada
Por que isso é tão complicado
Por ser louco-
Se você ainda não está
Louca
Ver uma escada antes
(cada passo vendo-te
separadamente)
E por fora
O moleque que entrega jornais vendo
Imortal
Como os carros vão indo embora
Sob o sol
Como inimigos
E você maravilhada
Por que isso é tão complicado
Por ser louco-
Se você ainda não está
Louca
Até que agora
Você nunca “vê” uma
Escada que se pareça com
Uma escada
Ou uma maçaneta que se pareça com
Uma maçaneta
E sons como esses sons
Você nunca “vê” uma
Escada que se pareça com
Uma escada
Ou uma maçaneta que se pareça com
Uma maçaneta
E sons como esses sons
E quando a aranha vem para cima
E olha para você
Finalmente
Você não mais a odeia
Finalmente
Como seus longínquos pensamentos
De quem ri com um
Tolo.
E olha para você
Finalmente
Você não mais a odeia
Finalmente
Como seus longínquos pensamentos
De quem ri com um
Tolo.
Dessa vez alguns riram, embora ainda não era pra ser engraçado. O silêncio voltou. Os dois leitores trocaram um olhar, e sentiram uma comprensão mútua naquele momento. Trocaram um sorriso, e voltaram às suas leituras.
Por coincidência, desceram juntos na estação Mercado. As pessoas que acompanharam a cena daquele vagão, pareciam evitá-los.
- hey, cara. muito legal o que você escreveu. e o que você fez.
- obrigado. eu gosto de bukowski. e gostei do que você fez também. mas talvez você ainda seja um personagem da minha cabeça. vamos tomar uma cerveja?
- claro. hey, se eu realmente não for real, como é estar conversando com alguém da tua cabeça?
- legal. mas acho que daí vou ter que eu mesmo pagar a ceva.
- é.